Levantamento mostra que maioria está na faixa entre 35 a 55 anos de idade, se autodeclara negra e é mãe de família, Além disso, 86% delas empreendem sem ajuda de funcionários
A Secretaria estadual da Mulher do Rio de Janeiro (SEM-RJ) divulgou, nesta sexta-feira (dia 1º), os resultados da pesquisa inédita “Empreendedoras RJ”, que traça o perfil completo das mulheres que têm seu próprio negócio. De acordo com o levantamento, 58% das empreendedoras fluminenses têm entre 35 a 55 anos de idade, 38% têm ensino superior completo, 59% se autodeclaram negras, 53% são casadas, moram com companheiros(as) ou estão em união estável, e 78% delas são mães.
A pesquisa ouviu 1.844 mulheres em todas as regiões do estado.
Ainda de acordo com os dados, 49% delas são as principais provedoras financeiras de seus lares. Esse número mostra que, mesmo diante do desafio de conciliar a administração de seus empreendimentos com as responsabilidades domésticas e a maternidade, quase metade tem a responsabilidade de trazer a maior parte da renda para as famílias.
— A pesquisa traz um retrato completo da mulher empreendedora fluminense, com as peculiaridades de cada região do estado. Os dados coletados vão orientar a ampliação e o aprimoramento de políticas públicas para impactar a realidade dessas mulheres aqui no Rio — explica a secretária estadual da Mulher, Heloisa Aguiar.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae, com base em dados coletados pelo IBGE até o 4º trimestre de 2023, o Rio é o estado com a maior proporção de empreendedoras: 38,4% dos empreendimentos são liderados por mulheres — acima da média nacional, que é de 34%.
Diante dessa relevância, desde o ano passado, novembro ficou instituído por lei como Mês Estadual da Mulher Empreendedora. Durante os próximos 30 dias, a secretaria vai promover uma série de eventos e atividades, envolvendo municípios de todas as regiões do estado.
Maioria atua em contexto socioeconômico de vulnerabilidade
A maior parte das entrevistadas (56%) tem rendimento médio inferior a R$ 3.200, pertencendo às classes D/E de renda, conforme a classificação do IBGE. Outras 30% das empreendedoras situam-se na classe C, com renda familiar entre R$ 3.200 e R$ 7.600, enquanto 12% pertencem à classe B, com renda entre R$ 7.600 e R$ 23.800. Apenas uma pequena parcela (2%) está na classe A, com renda mensal superior a R$ 23.800.
— Isso indica que mais da metade dessas mulheres enfrentam não apenas os desafios de equilibrar maternidade e gestão de negócios, mas também limitações financeiras, que podem restringir o acesso a recursos, como creches de qualidade, serviços de apoio doméstico ou investimentos que sejam necessários para o crescimento — afirma a coordenadora de Pesquisa e Monitoramento da SEM-RJ, Marcele Porto.
Informalidade
De acordo com a pesquisa, 47% ainda operam na informalidade, o que pode ser explicado pelo acesso limitado à informação, dificuldades burocráticas e restrições financeiras para arcar com os custos e obrigações associadas à formalização. O levantamento mostrou ainda que 86% atuam sozinhas, sem apoio de funcionários contratados.
— Pequenos negócios geridos por uma única pessoa tendem a ser mais vulneráveis a sobrecargas de trabalho e enfrentam dificuldades para crescer. Isso resulta em uma menor produtividade e, consequentemente, em uma menor capacidade de gerar renda. Assim, a criação de políticas que incentivem a contratação de colaboradores e ofereçam suporte para a ampliação da estrutura de negócios é essencial — analisa a superintendente de Autonomia Econômica da SEM-RJ, Karol Mendez.
O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino é celebrado em 19 de novembro, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino visa a promover a troca de experiências e a educação empreendedora entre elas. No Rio, a Assembleia Legislativa (Alerj) aprovou a Lei 2108/2023 que inclui no calendário o Mês Estadual da Mulher Empreendedora.
— Esta é uma grande conquista para todas nós, fortalece o papel fundamental que as mulheres empreendedoras desempenham na economia. Somos o estado mais feminino do país. É preciso fortalecer as mulheres, para que ocupem posições de liderança e se capacitem para conquistar a autonomia econômica— destaca a titular da SEM-RJ.
G1