Atividade pesqueira estimula visitação de turistas para viver ‘experiências’ no mar
beira da Praia da Pitória, em São Pedro da Aldeia, pescadores organizam redes e conversam após o almoço, apontando para a Lagoa de Araruama, a maior laguna de água salgada do mundo. Mais de 600 famílias dependem da pesca artesanal na Região dos Lagos do Rio. Fazendas marinhas reutilizam estruturas de petroleiras para cultivar peixes e mariscos, e poderão ser visitadas no próximo verão. Em Arraial do Cabo, o projeto Lagos em Ação cultiva ostras, vieiras, mexilhões e peixes nativos em tanques flutuantes reutilizados de plataformas de petróleo, tornando a maricultura mais sustentável e econômica.
Paulo Cordeiro, coordenador do projeto, planeja passeios turísticos à fazenda marinha para mostrar o processo de maricultura. A atividade, pertencente à comunidade caiçara, é financiada pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Prio, responsável por um vazamento de óleo em 2012.
— Esses flutuadores substituem as atuais boias de galão, duram muito mais tempo e são mais baratos. Os produtos destinados a uma fazenda marinha são caros. Além de não contaminar o meio ambiente, o flutuador serve para fazer os tanques de peixe, captar sementes de mexilhões, e agregar vida ao processo. Um tanque rede é vendido a quase R$ 100 mil. Com a reutilização, a estrutura sai a R$ 25 mil — avalia Paulo.
Com o projeto, ele estuda a criação de um passeio turístico de grupos à fazenda marinha, com previsão de início no próximo verão.
— A pessoa vai poder conhecer de perto um pouco da maricultura com a família. A ideia é fazer o passeio em dois turnos, de manhã e à tarde, onde os grupos vão acompanhar, por exemplo, o manejo do pescado, pegar mexilhão, alimentar os peixes da fazenda, mergulhar e comer conosco — conta Paulo. Cerca de 600 famílias vivem da pesca artesanal na Lagoa de Araruama, que sofreu com a poluição até 1999. Graças a protestos e iniciativas de saneamento, a pesca voltou a florescer.
A Prolagos, concessionária de saneamento, implantou 36 km de coletores de tempo seco, melhorando a qualidade da água. Em 2021, a produção de pescado aumentou 26%, passando de 263 para 332 toneladas. A tainha da lagoa, com alta salinidade, está a caminho de receber reconhecimento de Indicação Geográfica.
Alexandre Anderson de Souza, da Ahomar, destaca a importância das medidas compensatórias que capacitaram a comunidade pesqueira. A economia do mar, incluindo pesca, sal, petróleo e turismo, é fundamental para a Região dos Lagos. Contudo, a infraestrutura de desembarque e processamento do pescado ainda precisa melhorar para agregar mais valor aos produtos.