Peru: marcha contra Dina Boluarte termina com 11 pessoas feridas por ação da polícia

Manifestantes chegaram a ocupar os arredores do Congresso Nacional, no centro de Lima, onde foram reprimidos pela Polícia Nacional

 A manifestação massiva realizada na quarta-feira (19), no Centro de Lima, que contou com mais de cem mil pessoas (segundo números das organizações sociais que convocaram o evento), não ficou isenta de incidentes.

Durante a noite, foram registrados ataques de policiais contra alguns grupos mobilizados nas proximidades do Congresso Nacional e do Palácio Pizarro, sede do Executivo peruano.

Os protestos tinham como objetivo defender quatro demandas principais: a renúncia da presidente Dina Boluarte, o fechamento do Congresso, a convocação de novas eleições gerais e a criação de uma assembleia constituinte, para substituir a atual carta magna, imposta em 1993 pelo então ditador Alberto Fujimori.

Segundo o jornal La República, houve registro de 11 pessoas que foram hospitalizadas na capital peruana, por ferimentos provocados por balas de borracha ou cacetetes usados pela polícia. A imprensa local também afirma que foram usadas bombas de gás lacrimogêneo durante a manifestação, para dispersar os locais com maior aglomeração.

Ainda assim, a jornada terminou sendo uma das menos letais dos últimos tempos. Segundo levantamento da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH), em estudo que contou com a colaboração da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), houve mais de 70 casos de pessoas falecidas durante protestos realizados no país desde dezembro de 2022, quando se iniciou a atual crise política – após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.Playvolume

O estudo também mostrou que, dos mais de 70 casos registrados de pessoas mortas em protestos, ao menos 48 mostravam indícios de execução extrajudicial: quando se comprova que a vítima não ofereceu resistência à abordagem, e acabou sendo vítima do excesso de violência por parte das forças policiais.

Segundo o canal TeleSur, o diretor da Defensoria Popular do Peru, Josué Gutiérrez, informou que os 11 casos conhecido até o momento se referem apenas à repressão policial contra manifestantes em Lima, mas que há dezenas de outros que foram alvo de ataques nas 38 cidades do interior do país que também registraram manifestações nesta quarta.

Boluarte prega ‘unir o país’ contra ‘gritaria’ de opositores

– Nesta quinta-feira (20), a presidente Dina Boluarte realizou um pronunciamento em rede nacional, no qual criticou os protestos e qualificou os que se opõem ao seu governo como grupos que querem “se impor na base da gritaria”.

“Este governo sempre mostrou uma enorme vontade de promover o diálogo, pois somente conversando, sem que alguns grupos se achem no direito de gritar contra outros, poderemos escutar a todos”, acrescentou a mandatária.

Ao lado do vice-presidente Alberto Otárola e do parlamentar José Williams, presidente do Congresso, Boluarte também se mostrou contrária às críticas dos manifestantes ao Legislativo.

“Devemos fazer um agradecimento especial a este Congresso, que também é um Congresso dialogante e que está apostando por encontrar leis que possam unir o país, e não desunir”, comentou a presidente.

A postura não parece afetar o ímpeto das organizações sociais, que já marcaram uma nova manifestação nacional contra o governo, para este sábado (22).

Por OperaMundi 

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