PEGADAS HUMANAS COM 300 MIL ANOS ENCONTRADAS NA ALEMANHA

Um novo estudo poderá ter descoberto as pegadas humanas mais antigas alguma vez encontradas na Alemanha e talvez em toda a Europa. Uma equipa internacional de investigadores descreve um conjunto de pegadas com 300 mil anos de idade, provenientes de um complexo de sítios paleolíticos na Baixa Saxónia.

Presume-se que as pegadas tenham sido feitas pelo Homo heidelbergensis, uma espécie ou subespécie extinta de humanos arcaicos, que também estão associadas a outras pegadas de grandes mamíferos, como elefantes e rinocerontes pré-históricos. O conjunto de gravuras permite uma visão fascinante do ecossistema da época na Alemanha.

“Esta [descoberta permite-nos ver] como terá sido em Schöningen, na Baixa Saxónia, há 300 000 anos”, explica o autor principal do estudo recentemente publicado, Flavio Altamura, investigador do Centro Senckenberg para a Evolução Humana e o Paleoambiente da Universidade de Tübingen (SHEP), que acrescenta: “Pela primeira vez, realizámos uma investigação detalhada das pegadas fósseis de dois locais em Schöningen. Estas pegadas e as informações provenientes de análises sedimentológicas, arqueológicas, paleontológicas e paleobotânicas fornecem-nos informações sobre o paleoambiente e os mamíferos que viveram nesta área. Entre as pegadas, há três que correspondem a pegadas de hominídeos – com uma idade de cerca de 300 000 anos, são as mais antigas pegadas humanas conhecidas na Alemanha e foram muito provavelmente deixadas pelo Homo heidelbergensis“, acrescentou.

A partir de uma análise das pegadas, a equipa determinou que as mesmas foram feitas por três indivíduos, provavelmente relativamente jovens, acompanhados por um adulto maior, presumivelmente parte de uma unidade familiar. A presença de membros mais jovens também indica, segundo os investigadores, que este grupo provavelmente estava a recolher em vez de caçar.

“Dependendo da estação do ano, havia plantas, frutos, folhas, rebentos e cogumelos à volta do lago. Os nossos resultados confirmam que a espécie humana extinta habitava nas margens de lagos ou rios com águas pouco profundas. Isto também é conhecido noutros sítios do Pleistoceno Inferior e Médio com pegadas de hominídeos”, diz Altamura.

As pegadas de Schöningen permitem conhecer a vida quotidiana de uma família e podem revelar pormenores sobre o comportamento, a estrutura social e as interações entre grupos de hominídeos e outros animais, como manadas de elefantes e mamíferos mais pequenos. “Com base nos rastos, incluindo os de crianças e jovens, este foi provavelmente um passeio em família e não um grupo de caçadores adultos”, explica Altamura. Os outros rastos não humanos são também muito interessantes.

“As pegadas de elefante que descobrimos em Schöningen atingem um comprimento impressionante de 55 centímetros. Nalguns casos, encontrámos também fragmentos de madeira nas pegadas, que foram empurrados pelos animais para o solo – na altura ainda mole”, explica Jordi Serangeli, supervisor das escavações em Schöningen, acrescentando que “há também uma pegada de rinoceronte – Stephanorhinus kirchbergensis ou Stephanorhinus hemitoechus – que é a primeira pegada de qualquer uma destas espécies do Pleistoceno alguma vez encontrada na Europa”.

Por- Greensavers

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