Parte dos profissionais da educação estadual está em greve desde a última quarta-feira, dia 17, no Estado do Rio de Janeiro.
Na Região Serrana, alguns professores aderiram à paralisação e não estão dando aulas, desde a última semana.
A situação na Região dos Lagos não é diferente. Muitos docentes deixaram a sala de aula para reivindicar melhorias nos salários.
Greve em Cabo Frio
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe) Lagos informou que algumas escolas da cidade estão com uma grande adesão à greve, algumas chegando a 90% dos profissionais parados:
Escolas importantes como o Ciep 458, no Jardim Esperança, o Instituto de Educação Ismar Gomes, no Centro, e o Ciep 357, no Tangará, têm cerca de 90% de adesão. Nas demais, a média é de 50 a 70%, e vem crescendo.
Ainda segundo o Sepe Lagos, a greve foi iniciada por causa de várias questões salariais que vem se estendendo a bastante tempo:
O governo se recusa em cumprir o acordo de reposição salarial firmado no ano passado e também pela insistência no descumprimento da Lei do Piso Nacional do Magistério, ignorada pelo governo desde que foi sancionada em 2008, e frente à manobra realizada por Cláudio Castro para tentar impor reajuste zero para a maioria dos trabalhadores das escolas da rede estadual.
Os profissionais de Cabo Frio saíram em caravana para participar de uma passeata na última quinta-feira, 18, no Rio, e pedir:
- Pagamento do reajuste do Piso Nacional, com incidência em todas as carreiras
- Revogação da reforma do ensino médio
- Nenhuma disciplina com menos de dois tempos
- Convocação dos concursados de 2015
- Realização imediata de novo concurso público
- Uma política real de combate à violência nas escolas
De acordo com o Sepe Lagos, caso não aconteça nenhum acordo, a greve vai continuar:
A greve é por tempo indeterminado e só se encerrará quando a categoria assim o decidir em assembleia, a depender das propostas de solução apresentadas pelo governo.
Greve em Teresópolis
Em Teresópolis, na Região Serrana do Rio, a adesão em alguns colégios chega a quase 80%, segundo dados do sindicato local.
O Sepe na cidade também pede que seja cumprida a Lei do Piso Nacional do Magistério. De acordo com a coordenadora Carol Quintana esse problema se estende ao longo de anos:
O governador se recusa a cumprir uma lei federal. Atualmente, a gente está com o pior salário de professor do Brasil. É inadmissível que o segundo estado mais rico do país pague o pior salário de professor. A gente está aí desde 2014, sem qualquer tipo de reajuste salarial. Os professores estão tendo que pegar consignado para pagar a conta de luz e água.
A coordenadora explica ainda que o motivo da greve vai muito além da categoria dos professores:
A situação salarial está muito difícil e não é só para o professor. Nós também estamos pedindo um piso regional para os funcionários administrativos, que são os inspetores. Ainda temos algumas merendeiras, porteiros, secretário escolar. A gente pede aí um piso regional, porque atualmente eles têm um vencimento básico de R$ 802. É menos de um salário mínimo.
Outros assuntos também entram nos pedidos dos funcionários estaduais:
A gente está pedindo a revogação do novo ensino médio, que você retira aquelas disciplinas clássicas do currículo que são muito importantes como química, educação física, filosofia, sociologia, biologia e história e substitui por disciplinas que têm um currículo frouxo, solto e na qual você não formou professor.
Carol lembra ainda que a mudança também afeta os aposentados e que o número de pessoas beneficiadas com o aumento definido pelo governo ainda é pouco:
Só pra você ter ideia, a gente tem 120 mil aposentados. Apenas 1.500 seriam contemplados com a proposta da Seduc. Somos 43 mil professores na ativa, apenas 6.000 seriam contemplados. Então, quando o governador vai à mídia dizer que cumpriu a lei do piso e a gente entrou em greve no dia seguinte, é mentira. A gente entrou em greve também porque não cumpriu a lei, tentou enganar e achatar o nosso plano de carreira.
Os profissionais de Teresópolis também estiveram presentes no protesto que aconteceu no Rio de Janeiro. Além disso, informou que está marcado um ato público na cidade para esta segunda, dia 22:
A gente vai fazer um ato na segunda-feira, na Calçada da Fama, a partir das 17h, para dialogar com a população, com a comunidade escolar, com os nossos alunos e responsáveis. A gente pede o apoio de todo mundo da sociedade, porque a luta por uma educação de qualidade não é uma luta pela defesa da escola pública, não é uma luta só dos profissionais de educação, mas é uma luta de toda a sociedade.
Greve em Nova Friburgo
O Sepe Friburgo informou que a greve também acontece na cidade, mas ainda não deu um balanço sobre o número de grevistas.
Um carro de som está percorrendo o município para informar sobre a paralisação:
O Sepe disse que uma delegação de profissionais locais também esteve na marcha que aconteceu no Palácio Guanabara, na última quinta-feira, 18.
Passeata no Rio de Janeiro
Na última quinta, os professores e funcionários administrativos grevistas das escolas estaduais do Rio de Janeiro protestaram em passeata do Largo do Machado até o Palácio Guanabara.
Conforme divulgado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), a Coordenação Geral do Sepe teve uma audiência com a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), com a presença da secretária Roberta Barreto, mas não recebeu nenhuma contraproposta sobre o pagamento do piso salarial aos professores e funcionários.
O que diz o estado
A reportagem entrou em contato com a Seeduc para saber uma posição do Governo do Estado do Rio sobre essa greve e, por meio de uma nota, a Secretaria de Educação informou que “o governo respeita a decisão e que cabe aos órgãos de justiça verificar sua legalidade.”
O estado disse ainda que nenhum professor da rede estadual de ensino ganhará menos do que o piso nacional:
A Secretaria de Estado de Educação enfatiza que o aumento concedido pelo governo é o pagamento do piso nacional no vencimento base para todos os cargos e níveis do magistério que não recebem o valor correspondente ao piso nacional de R$ 4.420 para professores de 40h. Essa era uma reivindicação antiga da categoria, já que o piso nacional não era pago desde 2015.
Sobre o plano de cargos e salários, o estado disse que “não há disponibilidade orçamentária e financeira no momento para aplicação do mesmo, já que o Estado do Rio de Janeiro encontra-se em regime de recuperação fiscal”.
Nova assembleia
O Sepe estadual convocou todos os profissionais da rede estadual para uma assembleia geral que vai acontecer nesta terça-feira, 23, a partir das 14h, no Circo Voador, que fica Lapa, na cidade do Rio.
Por- Redação