Segundo o levantamento feito pelo Datafolha, 86% da população brasileira acredita que o projeto irá aumentar o turismo na cidade. Obra no morro segue embargada pela Justiça Federal, após suspeitas de perfurações irregulares. Peritos vão realizar uma inspeção judicial para avaliar o local.
Para 36% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa encomendada pelo Parque Bondinho Pão de Açúcar, a instalação de uma tirolesa ligando os morros da Urca e do Pão de Açúcar, na Zona Sul, aumentaria as chances de eles visitarem o Rio. As obras no local estão embargadas por suspeitas de perfurações irregulares.
O levantamento feito pelo Datafolha indica que 86% da população brasileira acredita que a atração, que pode permitir ao usuário atravessar cerca de 770 metros entre os morros, por meio de cabos de aço presos em rocha, irá aumentar o turismo no Rio.
Para a maioria dos entrevistados (77%), a tirolesa pode ajudar a incrementar a imagem do Brasil como local turístico de qualidade internacional.
O Instituto Datafolha entrevistou, de forma presencial, 2.011 pessoas, com idade superior a 16 anos, em 112 cidades diferentes, entre os dias 7 e 11 de agosto.
Obra embargada será vistoriada
Apesar da pesquisa apontar números positivos em relação a presença de turistas na cidade, a construção da tirolesa ainda não é uma certeza. Alguns ambientalistas consideram a obra um atentado à paisagem, com potencial para causar danos à rocha e alteração nas vias de escalada, clássicas do local há décadas.
A obra segue embargada pela Justiça Federal desde junho, após suspeitas de perfurações irregulares na rocha. Além disso, caso as denúncias sobre uma suposta intervenção ilegal no local sejam confirmadas, o Pão de Açúcar pode perder o título de Patrimônio Mundial, honraria concedida pela Unesco em 2012.
De acordo com o procurador geral do Ministério Público Federal, Sérgio Suiama, a empresa responsável pela obra fez escavações na rocha que não estavam previstas no projeto inicial.
“Houve corte ilícito da rocha, um volume de 127 metros cúbicos. O Iphan ao invés de autuar, autorizou continuidade da obra (…) Há um dano a paisagem porque a área construída vai ser ampliada, apesar da empresa dizer de forma contraria, as próprias plantas mostram que haverá acréscimo de área construída, modificação na paisagem e modificação na rocha”, explicou Suiama.
A decisão pela paralisação da obra também determinou a suspensão dos efeitos da autorização dada pelo Iphan para o projeto.
Uma inspeção judicial no local das obras está marcada para o próximo dia 24 de outubro, quando peritos indicados pela Justiça Federal vão avaliar as denúncias apresentadas. Representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), órgão consultivo da Unesco para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial, também vão acompanhar a vistoria.
A proposta da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, a mesma que administra os bondinhos, pretende instalar quatro cabos de aço para a prática da tirolesa, entre o Pão de Açúcar e o Morro da Urca. Os cabos ficariam paralelos aos bondinhos.
De acordo com os administradores, a ideia é proporcionar uma experiência mais contemplativa aos frequentadores do parque.
63% têm opinião positiva
A pesquisa do Datafolha sobre a percepção dos brasileiros diante da nova atração no Pão de Açúcar também mostrou que 63% dos entrevistados possuem uma opinião positiva sobre a tirolesa.
Obra prevê a instalação de quatro tirolesas, com 770 metros de extensão, entre os morros do Pão de Açúcar e da Urca — Foto: Reprodução/ TV Globo
Segundo o levantamento, apenas 20% das pessoas conhecem o projeto para a construção da atração no morro mais famoso do país.
Ao todo, 87% das pessoas ouvidas concordam que uma tirolesa é um atrativo interessante para um local de turismo.
Sobre o potencial de impacto ambiental da tirolesa, 46% acreditam que a atração trará um impacto ambiental positivo, enquanto 26% dos entrevistados apontam para impactos negativos.
Já para 28% dos brasileiros, as obras para a instalação da tirolesa não vão ter nenhum tipo de impacto nos morros do Pão de Açúcar e da Urca.
Por Raoni Alves, g1 Rio