PAIXÃO JÁ FOI CONSIDERADA DOENÇA E MÉDICO RECEITAVA TRATAMENTO DE CURA

Médico de reis e papas acreditava que dormir ou fazer sexo com outras pessoas poderia livrar as pessoas da “doença da paixão”

O amor quando vivido de forma muito intensa ou não correspondido era considerado uma doença por médicos na Idade Média. Escritos de um profissional de saúde da época deram indícios de como eram tratados esses pacientes e quais os sintomas indicavam a “enfermidade”. 

Segundo a Universidade Autônoma de Barcelona, Arnau de Vilanova foi um dos médicos mais notáveis da Idade Média latina por sua extensa obra, seu ensino na Escola de Medicina de Montpellier, na França, e por ter sido médico de reis e papas da época.

Um escrito dele, traduzido mais de 700 anos após sua morte, e que foi divulgado em 2012 pela universidade espanhola, fala sobre como o amor era visto na época. Intitulado “Tratado sobre o amor heroico”, o texto era um dos mais preservado do especialista e é considerado a primeira monografia médica sobre “a doença da paixão amorosa”.

Contudo, Arnau foi na contramão de muitos médicos, uma vez que considerava o “amor heroico” como um sintoma e não como uma doença, além de separá-lo da melancolia.

O médico não detalhava, no entanto, o complexo processo fisiológico da paixão, mas atribuía um juízo errôneo à faculdade estimativa, localizada no cérebro, e que tem a função de julgar o que vem à percepção. No caso do amor sentido pelo “herói”, esse julgamento errado o levaria ao delírio de acreditar que o objeto de seu sentimento está acima de todos os outros.

“O erro de julgamento é causado pelo calor excessivo gerado pela antecipação do prazer extraordinário que a pessoa afetada concebe em relação ao objeto de seu amor, provavelmente devido ao encanto singular associado ao sexo”, diz comunicado da Universidade.

Veja abaixo o que Arnau considerava como sintomas da !doença da paixão” e seus tratamentos para cura: 

Os possíveis sintomas da “doença da paixão”:

  • Cansaço; 
  • Enfraquecimento do corpo; 
  • Palidez; 
  • Insônia; 
  • Falta de apetite; 
  • Tristeza pela ausência do ente querido; e 
  • Alegria pela sua proximidade.

Os tratamentos indicados na época:

  • Mostrar os defeitos da pessoa amada;
  • Distrair os pensamentos com atividades prazerosas, como dormir, conversar com amigos, caminhar pela natureza, ouvir música e ter relações sexuais com “particularmente agradáveis jovens”; e 
  • Viajar, quanto mais longe melhor. 
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