Avaliação é que a operação atingiu diretamente o núcleo militar próximo ao ex-mandatário e fragilizou o discurso pró-anistia no cenário internacional
Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19) pela Polícia Federal, aumenta o isolamento de Jair Bolsonaro (PL) e enfraquece sua tentativa de manter um discurso internacional em defesa de uma anistia, diz o jornalista Paulo Cappelli em sua coluna no Metrópoles.
A operação, que resultou na prisão quatro militares e um policial federal, apontou uma trama para um golpe de Estado que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
As investigações apontam que o esquema foi discutido na residência do general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, e envolveu figuras de alta patente, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário, e o general Mario Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência.
Ainda de acordo com a reportagem, aliados do governo avaliam que Bolsonaro, outrora capaz de reunir governadores e lideranças conservadoras em manifestações contra as instituições democráticas, enfrenta agora um cenário de crescente isolamento. Governadores como Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), que figuram como potenciais candidatos à Presidência em 2026, evitam se associar ao ex-mandatário, temendo o desgaste político.
O racha na direita foi acentuado nas eleições municipais. Bolsonaro e Caiado se desentenderam ao apoiar candidatos opostos em Goiânia, enquanto, em Curitiba, o apoio do ex-presidente ao candidato de Ratinho Jr. foi marcado por contradições e gestos de apoio à adversária do governador. Nos dois casos, as lideranças estaduais saíram vitoriosas, o que, na visão do Planalto, enfraquece a influência de Bolsonaro.
No plano global, o caso gerou repercussões nos bastidores do G20. Enquanto aliados de Bolsonaro apostavam na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos para alavancar seu discurso de anistia, Lula conseguiu realizar 11 reuniões bilaterais com chefes de Estado durante o evento. A operação da PF não passou despercebida entre as lideranças presentes na cúpula do G20.
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