Alto comissário para Direitos Humanos expressa preocupação com medidas de “mão pesada” aplicadas pelas autoridades americanas
247 – Em uma rara crítica dirigida aos Estados Unidos, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou luz sobre o cenário de tensão que tem se desenrolado nas universidades norte-americanas. O alto comissário para Direitos Humanos, Volker Türk, destacou nesta terça-feira (30) sua inquietação em relação às ações excessivas empregadas para conter e desmontar protestos, enfatizando a importância fundamental da liberdade de expressão e do direito de reunião e união, destaca o Uol.
“A liberdade de expressão e o direito de reunião de paz são fundamentais para a sociedade, especialmente quando há discordância acentuada sobre questões importantes, como ocorre na relação ao conflito no Território Palestino Ocupado e em Israel”, disse.
Türk expressou sua preocupação em meio a uma série de manifestações estudantis que eclodiram nos EUA nas últimas semanas, todas em repúdio ao genocídio em Gaza. Embora muitos desses protestos tenham transcorrido sem incidentes em vários países, a ONU aponta para uma resposta desproporcional em algumas instituições de ensino, resultando na detenção de centenas de estudantes.
Além disso, a ONU fez menção à preocupante escalada de conduta e discurso antissemitas, embora os organizadores dos protestos afirmem que seu foco está na crítica à situação em Gaza. O alto comissário alertou que tais comportamentos são totalmente inaceitáveis e podem incitar à violência real, salientando a necessidade de abordar individualmente essas questões sem generalizar sobre todo o movimento de protesto.
Em sua declaração, Türk enfatizou a importância de que quaisquer restrições à liberdade de expressão e ao direito de reunião cumpram os princípios de legalidade, necessidade e proporcionalidade, e que tais medidas não discriminem os participantes dos protestos.
“A incitação à violência ou ao ódio com base em identidade ou pontos de vista – reais ou presumidos – deve ser fortemente repudiada”, disse ele. “Já vimos que esse perigo de retórica pode levar rapidamente à violência real”, destacou.