Desnutrição severa, colapso do sistema de saúde e bloqueio de ajuda humanitária colocam em risco o futuro de milhares de crianças palestinas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta nesta terça-feira (13) sobre o agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, destacando que a fome e a desnutrição severa podem causar danos irreversíveis a uma geração inteira de crianças. Segundo reportagem da Reuters, o representante da OMS nos Territórios Palestinos Ocupados, Rik Peeperkorn, afirmou que a escassez de alimentos, água potável e assistência médica está comprometendo o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças na região.
“Sem acesso suficiente a alimentos nutritivos, água potável e cuidados de saúde, uma geração inteira será permanentemente afetada”, alertou Peeperkorn. Ele relatou ter visto crianças em clínicas que aparentam ter metade da idade real, evidenciando os efeitos devastadores da desnutrição. Em um hospital no norte de Gaza, 11% das crianças examinadas apresentavam desnutrição aguda.
Desde março, Israel impôs um bloqueio rigoroso à entrada de suprimentos em Gaza, intensificando sua campanha militar contra o Hamas. Esse bloqueio agravou a crise humanitária, com cerca de meio milhão de pessoas enfrentando risco de fome, conforme alertou um monitor global de segurança alimentar.
A OMS informou que dispõe de recursos para tratar apenas 500 crianças com desnutrição aguda, número insuficiente diante da magnitude da crise. Pelo menos 55 crianças já morreram devido à desnutrição, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza. Peeperkorn destacou que muitas crianças estão sucumbindo a doenças como gastroenterite e pneumonia, agravadas pela imunidade comprometida pela fome.
“Normalmente, não se morre de fome diretamente, mas das doenças associadas a ela”, explicou Peeperkorn.
A situação é agravada pela destruição de infraestruturas essenciais. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mais de 40% das terras agrícolas de Gaza foram danificadas, comprometendo a produção local de alimentos. Além disso, a maioria dos hospitais está fora de operação ou funcionando parcialmente, dificultando o atendimento médico adequado.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também expressou preocupação com a situação das crianças em Gaza. Em março, a agência alertou que cerca de 1 milhão de crianças estavam sem acesso ao básico para sobreviver, incluindo alimentos e água potável. A falta de eletricidade, resultante do bloqueio, comprometeu o funcionamento de instalações essenciais, como as de dessalinização de água, agravando ainda mais a crise.
A comunidade internacional tem intensificado os apelos por um cessar-fogo humanitário e pela entrada de ajuda urgente na Faixa de Gaza. Organizações humanitárias destacam a necessidade de acesso irrestrito para fornecer alimentos, água e assistência médica à população civil, especialmente às crianças, que são as mais vulneráveis nesta crise.
Por Brasil 247