Deputada, que foi afastada pela Justiça e retornou após votação de colegas, é investigada por elo com milícia e prática de rachadinha.
A deputada estadual Lucinha (PSD) retornou na terça-feira (20) ao plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) pela primeira vez depois que parlamentares da casa decidiram mantê-la no cargo. Lucinha tinha sido afastada em dezembro por determinação judicial, depois que uma investigação apontou a suspeita de que ela é ligada a milicianos.
A Justiça determinou que a Assembleia decidisse se ela continuava ou não afastada e o plenário optou pela permanência dela no cargo.
Na terça, Lucinha discursou no plenário e negou que tenha ligações com milicianos: “Nunca tive qualquer envolvimento com nenhuma organização criminosa. Nunca fui braço de milícia. Também nunca utilizei meu mandato para interferir na política de segurança pública. Todos sabem que sou deputada de oposição e como tal, não tinha acesso a cúpula da segurança do estado”.
A deputada também argumentou que não teve acesso ao teor da investigação antes de seu afastamento.
“Nesses 30 anos nunca imaginei vivenciar uma situação como essa como estou passando agora. Em 18 de dezembro fui surpreendida com uma decisão judicial que me afastava do mandato de deputada estadual, legitimamente conquistado nas urnas através do voto popular, sem sequer ser ouvida. Ainda não tive acesso a toda investigação. Nem denunciada eu fui. Estou aguardando até hoje o acesso integral das investigações para que eu possa prestar meu depoimento. Essa mesma decisão judicial pedia para que a Alerj deliberasse sobre a conclusão do meu mandato. Isso me deixava
muito angustiada, pois se eu, que sou parte do processo, não tive acesso a todo conteúdo da investigação, imagine aos 69 deputados.
Áudios revelam preocupação de deputada Lucinha em favorecer milícia de Zinho na Zona Oeste
A investigação
Os agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Federal investigam a suposta participação da deputada Lucinha (PSD) na milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. As investigações indicaram cinco episódios que demonstram a interferência da parlamentar e de sua assessora para favorecer os criminosos.
Apontada pelo MP como braço político da milícia de Zinho, Lucinha (PSD) só não foi presa por ser deputada, visto que a lei garante que parlamentares só podem ser presos por crime flagrante e inafiançável.
Entre os elementos analisados pelos investigadores estão áudios que, para eles, evidenciam a tentativa da deputada favorecer os milicianos em debates no parlamento.
A deputada também é investigada por suposta prática de rachadinha – indícios foram apontados na mesma investigação.
Depois do afastamento, a Alerj também abriu investigações sobre esses crimes. O processo que pode cassar seu mandato pode levar 120 dias, segundo o presidente do Conselho de Ética da Alerj, Rodrigo Amorim.
Segundo deputados da Alerj, para que um parlamentar da Casa responda por falta de decoro parlamentar é preciso que a Corregedoria da Alerj investigue e aponte se há elementos para que investigado sente no banco dos réus na Casa.
Em seguida, com a apuração feita e com provas robustas, o material é enviado ao Conselho de Ética que define pela punição ou arquivamento. Essa sanção vai desde a suspensão do mandato até a cassação dele.
Por g1 Rio