Em testes feitos com camundongos, o tratamento reduziu em 50% o retorno das células cancerígenas, levando à erradicação do tumor
Pesquisadores do Canadá e dos Estados Unidos desenvolveram um tratamento que se mostrou promissor para bloquear e destruir células cancerígenas causadoras do glioblastoma, a forma mais agressiva de câncer no cérebro. Os resultados do estudo foram publicados na Nature Medicine, importante periódico científico, no último dia 2 e oferece novas esperanças para o tratamento e cura do tumor.
O glioblastoma é um tipo de tumor de natureza invasiva e de rápida proliferação. Ele se origina nas células da glia, presentes no sistema nervoso e auxiliares no funcionamento dos neurônios. Esse tipo de câncer costuma afetar pessoas com mais de 40 anos e seu surgimento pode ter relação com síndromes neurológicas específicas. O principal sintoma da doença é a dor de cabeça persistente, principalmente pela manhã.
Atualmente, a principal forma de tratamento do glioblastoma é a cirurgia, que remove o máximo de tumor no cérebro. Além disso, podem ser indicadas terapias coadjuvantes, como quimioterapia e radioterapia. No entanto, a depender o grau do tumor, a doença pode retornar, reduzindo as chances de sobrevida do paciente.
O novo estudo mostrou que o tratamento inovador reduziu em 50% das vezes o retorno das células cancerígenas em duas das três doenças testadas (glioblastoma adulto, metástase de câncer de pulmão para o cérebro em adultos e meduloblastoma pediátrico) em modelos animais pré-clínicos.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores utilizaram tecnologia de edição genética em larga escala, comparando padrões genéticos de quando o glioblastoma foi diagnosticado inicialmente e de quando ele retornou após o tratamento padrão. Eles descobriram que um eixo de sinalização que ajuda a estabelecer a arquitetura cerebral normal pode ser invadido por células cancerígenas.
“No glioblastoma, acreditamos que o tumor sequestra essa via de sinalização e a usa para invadir e se infiltrar no cérebro”, diz a coautora sênior do estudo Sheila Singh, professora do departamento de Cirurgia e diretora do Centro de Descoberta em Pesquisa do Câncer, em comunicado.
“Se pudermos bloquear esse caminho, a esperança é que possamos bloquear a disseminação invasiva do glioblastoma e matar células tumorais que não podem ser removidas cirurgicamente”, completa Singh.