O novo presidente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) se reúne nesta sexta-feira (2) com um grupo de trabalho da Advocacia-Geral da União (AGU) para discutir um plano de ressarcimento para aposentados e pensionistas vítimas da fraude de descontos. O advogado-geral da União, ministro Jorge Messias, deve participar da reunião.
O governo tem pressa em anunciar a reparação para aposentados e pensionistas que tiveram descontos feitos irregularmente, mas encontra dificuldade em apurar o valor desviado. A expectativa é que o novo presidente do INSS ajude a avançar nesse plano de ressarcimento mais rapidamente.
De acordo com a investigação, a fraude pode ter descontado ilegalmente até R$ 6,3 bilhões do pagamento de beneficiários, entre 2019 e 2024. Porém, segundo apurou a CNN, o valor ainda é incerto, visto que parte desse montante pode ser de aposentados e benefícios que de fato se associaram e autorizaram os descontos.
Em seu pronunciamento pelo Dia do Trabalhador, exibido na quarta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou pela primeira vez sobre a fraude do INSS e disse que determinou que a AGU processe as associações que fizeram os descontos ilegalmente.
“Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019. Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, disse Lula.
Horas antes de o pronunciamento do presidente ser transmitido, Lula determinou a nomeação de Gilberto Waller Júnior, procurador federal da AGU, como novo presidente do INSS.
O novo presidente do INSS teve o aval dos ministros Jorge Messias, da AGU, e Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União (CGU). Sob pressão, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, não participou da escolha.
Lula procurava um nome que pudesse demonstrar que o governo tem como prioridade a investigação no escândalo da fraude dos descontos nas aposentadorias e pensões.
De acordo com interlocutores da Presidência, o petista buscou alguém com “capacidade de resolver o problema emergencial”.
O Palácio do Planalto traçou uma estratégia de demonstrar que o governo é implacável com casos de corrupção. A orientação é sempre destacar que o escândalo foi revelado pelo trabalho do próprio governo, por meio da CGU e da Polícia Federal.
por Jussara Soares – CNN