Ameaçados pelo tráfico e pela perda de habitat, os papagaios têm ganhado uma chance de reabilitação e retorno à natureza no município mineiro de Dom Joaquim
No último domingo de outubro (29), um grupo de 20 papagaios-de-peito-roxo ganhou os céus de Minas Gerais. A soltura foi realizada no município de Dom Joaquim pelo Instituto Waita, através do Projeto Voar, e ajuda a reforçar a população na natureza do ameaçado papagaio. Exclusiva da Mata Atlântica, a ave é considerada Vulnerável ao risco de extinção, com cerca de 8.500 indivíduos na natureza.
A principal ameaça ao papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), além da perda de florestas, é o tráfico de animais silvestres. Muitos deles, apreendidos em ações de fiscalização, são destinados a centros de reabilitação e triagem, onde podem ganhar uma segunda chance. É o que faz o Projeto Voar, em parceria com o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Belo Horizonte. Capturados às vezes ainda filhotes, os papagaios vítimas do tráfico precisam aprender a sobreviver no ambiente natural. Toda essa reabilitação e treinamento são feitos pela equipe de pesquisadores do projeto, num processo árduo e longo que antecede a soltura.
Uma vez em liberdade, os papagaios são monitorados por um ano. Nesse período, os pesquisadores podem avaliar o sucesso da adaptação dos animais de volta à natureza.
A soltura, realizada no final de outubro, celebra não apenas mais um grupo de animais, vítimas do tráfico, que ganha uma nova chance, mas também o Dia do Papagaio-de-peito-roxo, data comemorativa estabelecida no dia 22 de outubro pelo município de Dom Joaquim. As solturas do Projeto Voar ocorrem desde 2021 no município. Ao todo, com a última soltura, 38 papagaios já foram devolvidos à Mata Atlântica da região.
Por Duda Menegassi – Eco
Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.