NO PALCO DA POLÍTICA NACIONAL

EDITORIAL   –   Ricardo Bernardes

O cenário político brasileiro abriga uma tragicomédia. Sim, vem lá da Grécia Antiga a formação desse gênero do teatro clássico. Há uma combinação de elementos dramáticos e cômicos na atuação dos pseudo-atores. A ironia e o sarcasmo estão presentes cada vez nas suas apresentações.

A ironia e o sarcasmo são figuras de linguagem que expressam um sentido contrário ao que se diz, a intenção é o deboche ou a crítica. Há uma diferença, o sarcasmo é mais áspero, malicioso e provocativo, enquanto a ironia é mais sutil, moderada e humorística. Outro detalhe muito importante, a ironia não pode ser compreendida rapidamente pelo receptor da mensagem, mas o sarcasmo é mais evidente e ofensivo, quer dizer, não precisa da “ajuda dos universitários”.

A partir de agora não preciso de muito argumento para provar como os políticos brasileiros estão cada vez mais afinados com a tragicomédia. Basta buscar na memória as sessões acaloradas do Congresso Nacional, CPI e comissões. Tentam convencer a gente que estão lutando pelo país e abordam temas (que equivalem às lendas na Grécia Antiga) como direitos dos povos originários, igualdade racial e gênero, democracia, juros, imposto e outros, usando toda estrutura teatral. O coro, por exemplo, era um grupo de intérpretes que através da música ou declamação era responsável comentar a cena para que todos pudessem compreender e o povo participava repetindo as falas.

Voltemos para o momento que vivemos na política nacional. O coro é substituído pelos magos das mídias que levam ao povo as palavras que serão repetidas. Os atores cada vez mais preocupados em produzir material que serão repetidos e até “fakeneados”, distorcidos, para induzir o povo para suas posições partidárias.

Mas preciso alertar aos atores que existe uma variante da tragicomédia que relata a história de um herói que persegue um objetivo que está associado ao amor, à justiça, ao desejo de cumprir, entre outros. Sendo assim, enfrenta vários obstáculos que são superados para sucesso em sua missão. Costumam ter uma final feliz, embora essa felicidade, muita das vezes, chega apenas no último minuto após muito sofrimento.

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