Ministério Público do Rio se manifestou contrário ao retorno do vereador Sancler Nininho ao cargo.
O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Mesquita, que está afastado do cargo há 7 meses, quer voltar. Sancler Nininho pediu à Justiça para assumir de volta o mandato. Ele é investigado por montar um esquema para desviar indenizações de funcionários demitidos. O Ministério Público já disse que é contra o retorno dele à Câmara.
Já são quase oito meses recebendo salário sem trabalhar. O vereador Sancler Nininho (Pros) foi afastado da Câmara de Mesquita, em outubro do ano passado, a pedido do MPRJ. Ele é suspeito de criar uma organização criminosa que embolsava a indenização de funcionários da casa que eram demitidos.
É réu por fraudes, falsificações, peculato, crimes licitatórios e desvio de dinheiro.
Recentemente, o afastamento ganhou mais um capítulo. A defesa de Sancler pediu o retorno dele ao cargo.
Desde a semana passada, a decisão está nas mãos do juiz Thales Nogueira Cavalcanti Venancio Braga.
O MPRJ se manifestou contra o retorno de Sancler Nininho à Câmara. Os investigadores suspeitam que ele venha descumprindo medidas cautelares, inclusive tendo contato com testemunhas do processo.
A procuradora Glícia Pessanha Carvalho escreveu que o MP também vem recebendo denúncias sobre a manutenção da influência dele na Câmara de Vereadores, mesmo depois de afastado do cargo.
O suplente ainda não foi chamado pelo atual presidente, Gelson Henrique (Solidariedade).
Todas as votações, desde outubro, têm um vereador a menos. O gabinete de Sancler continua aberto, com os funcionários recebendo salários.
O RJ1 teve acesso a novas denúncias feitas ao MPRJ. Os denunciantes afirmam que, mesmo com o afastamento do vereador, os crimes não foram interrompidos. Funcionários da Câmara que, segundo o MPRJ, integram a organização criminosa, continuam dando expediente na Casa.
A manutenção deles no cargo, segundo os denunciantes, foi uma das formas encontradas para que os delitos continuassem.
A influência de Sancler se estende para além da casa legislativa.
No Instituto Rio Metrópole (IRM), um órgão estadual que desenvolve as políticas públicas da Região Metropolitana, ele foi recebido pelo presidente.
O perfil na rede social do IRM ignorou que, pelo menos por enquanto, ele não representa a cidade de Mesquita. Sancler foi chamado de vereador.
O Ministério Público sustenta que o afastamento do cargo deve ser mantido para neutralizar a influência exercida pelo acusado na Câmara, inclusive, para evitar a continuidade da atuação da organização criminosa por ele capitaneada, angariando novos membros.
Thalita Izolani é filha de dois réus no processo. Elaine Izolani e Elieser Correa trabalhavam na diretoria de orçamento. Eles deixaram seus cargos. Agora, é a filha quem dá expediente, no mesmo setor.
Na semana passada, o RJ1 também mostrou que outros réus do processo continuam trabalhando na casa.
Carlos Henrique Silveira Silva, Thiago da Silva Rodrigues e Hevandro Araújo Menezes tiveram a prisão pedida pelo MP, mas a Justiça negou.
Hoje, eles mantêm as mesmas funções onde, segundo o MP, colaboravam na quadrilha liderada por Sancler Nininho.
O esquema funcionava assim:
o presidente da Câmara criou uma indenização aos funcionários comissionados que eram exonerados, paga em cheques. Mas os demitidos não recebiam o dinheiro.
O que dizem os citados
A defesa de Sancler Nininho disse que o processo está tramitando de forma morosa e que não há motivos para ele continuar afastado, porque, segundo a defesa, o afastamento se deu por intriga política.
O atual presidente da Câmara de Mesquita, Gelson Henrique, disse que não convocou o suplente porque Sancler foi afastado com remuneração, e que a folha de orçamento não comporta mais um salário de vereador.
Sobre manter funcionários que são réus no processo, ele disse que todos exercem as funções corretamente, não foram julgados nem condenados e que não há motivos para provocar o desligamento deles.
Por: RJ1