O pai de Mauro Cid e mais dois ex-ajudantes, e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, estão entre os alvos. Venda de presentes oficiais recebidos pelo governo configura crimes de peculato e lavagem de dinheiro
A Polícia Federal (PF) deflagrou na sexta-feira (11) a operação Lucas 12:2, cujo objetivo é investigar associação criminosa envolvida na prática de crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, dois em Brasília, um em São Paulo e outro em Niterói (RJ).
Segundo a PF, os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior.
Ainda segundo a polícia, “os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados”, “sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”. E que as práticas investigadas configuram, em tese, os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
A operação ocorre no âmbito do inquérito que apura a atuação das chamadas milícias digitais, conduzido no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes. E tem esse nome em alusão ao versículo 12:2 da Bíblia, segundo o qual “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido “
“Há muitos estudos que mostram que compra e venda de joias é um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos veem como um crime ‘seguro’, que ficará escondido para sempre. Por isso, é essencial sempre investigar o assunto, quando há indícios de ilegalidades”, escreveu o ministro da Justiça, Flávio Dino, em seu perfil em uma rede social.
Pai de Mauro Cid teria participado da venda de joias
O general do Exército Mauro César Lorena Cid foi colega do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), nos anos 1970. No governo, ocupou cargo em Miami, em representação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
De acordo com investigações, a negociação de joias e demais bens oficiais nos Estados Unidos era responsabilidade do militar, que recebia os valores em sua conta bancária. A quebra do sigilo desta conta, aliás, já foi solicitada pela PF mediante acordo de cooperação internacional com os Estados Unidos.
Por Redação RBA