MEU CRIME: MALTRATAR MULHER.

Siro Darlan

Acabo de sair do cinema onde assistir ao filme francês “Meu crime”, mais uma comédia genial dos franceses refletindo sobre um assunto de suma igualdade para uma sociedade que se diz civilizada, mas que ainda trata seus semelhantes com injusta e cruel desigualdade. O tom cômico e teatral usado pelo diretor para tratar de um assunto tão sério que pouco mudou entre o cenário do filme em 1930 e nossa modernidade que é o machismo da sociedade.

A trama ocorre quando uma atriz fracassada não comete um crime contra um possível abusador, desses diretores que recebem as candidatas no sofá, mas acha, com o apoio de sua linda e inteligente advogada que é melhor assumir o crime justificando com a tese de legítima defesa de sua honra. E assim, a comédia chega aos tribunais para mostrar outra triste realidade que é o relativismo das decisões judiciais, muitas levadas pelo modismo, pelo interesse pessoal ou político como a causas são levadas aos tribunais. A absolvição da falsa criminosa faz dela uma personalidade que resolve todos seu problemas econômicos, sociais e profissionais.

Essa comédia além de nos levar a refletir sobre temas da maior seriedade com uma leveza extraordinária traz à baila o debate sobre a covardia da violência contra as mulheres, que nessa semana teve mais uma ação positiva da polícia do Rio de Janeiro quando fui testemunha da inauguração de uma sala especial na 11ª Delegacia de Polícia – Rocinha para atendimento às mulheres e crianças vítimas de violência. A delegada Flavia Monteiro de Barros com o auxílio da Associação dos Moradores de lideranças comunitária inaugurou esse precioso espaço de proteção aos vulneráveis. Ações como essas são louváveis e devemos reconhecer os esforços de todos os segmentos para combater, com educação essa forma de violência que atinge os mais vulneráveis.

Siro Darlan é desembargador do TJRJ, diretor do jornal Tribuna da imprensa Livre e especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário

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