Dirigida por Gabriel Ribeiro, “Medeia” lotou os teatros por onde passou, desde a sua estreia, em 2024. Nesta adaptação do texto clássico de Eurípides, três atores, uma caixa de areia e dois microfones são suficientes para que a Cia Catártica transporte o público para a Grécia antiga. A montagem, que nasceu na Baixada Fluminense, conquistou a cena carioca abordando temas como traição, vingança e liberdade. Esta temporada fica em cartaz até dia 26 de março na Casa de Cultura Laura Alvim.
A peça reconta a tragédia clássica de uma mulher colocada à prova de fogo por todos ao seu redor. Medeia, em nome do amor que sente por Jasão, mata o próprio irmão e abandona sua família, sendo posteriormente exilada em Corinto com o marido, com quem tem dois filhos. Mas quando Jasão a trai com a filha do Rei Creonte, ações desesperadas em busca de vingança são tomadas. Em cena estão Tuanny Kriss, como Medeia, e os atores Marlon Vares e Gabriel Ribeiro, que alternam entre diferentes personagens masculinos.
A adaptação
Na montagem da Cia Catártica, o diretor aposta na força do texto original, destacando sua impressionante atualidade ao discutir violência de gênero, abandono e as consequências do desejo de vingança. O espetáculo se passa em um espaço cênico reduzido e simbólico: uma caixa de areia de 2×2 metros, remetendo tanto ao tempo estagnado do mito quanto ao espaço infantil de um parque, onde se constroem e destroem castelos, fantasias e histórias.
Segundo Gabriel Ribeiro, “o figurino e o cenário são minimalistas e a iluminação é pontual. A gente não tem transições, tudo acontece na mesma linha reta. Como se, literalmente, fosse uma grande ampulheta caindo grão em grão de areia. Isso tudo porque o foco é o texto. O foco é a história que é tão atual. É uma história de 800 mil anos atrás, Eurípides queria falar sobre como as mulheres estavam sendo maltratadas e abusadas onde ele morava. Isso não mudou. Essa é uma história parada no tempo”, revela.
Outra aposta do diretor consiste em reinventar a presença do coro – elemento fundamental na tragédia grega – através de cadeiras posicionadas no palco, para que os espectadores possam assistir de dentro da cena, criando um “coro voyeur”, que observa e julga os acontecimentos como um reflexo do próprio público.
A ideia de recontar o mito surgiu do desejo do diretor se reinventar, contando uma história clássica que ainda fosse atual e relevante. “É um conto de toxicidade. Jasão tira Medeia de seu lar, faz com que ela seja exilada e após esse exílio, ele a descarta completamente. Faz com que ela tenha dois filhos – que com certeza ela não quer. Ela os ama, mas ela não os deseja. E o final disso tudo, culmina na escolha que ela faz para ter a sua própria liberdade. A escolha de ter a sua própria vida de volta. Nossa intenção ao realizar essa montagem é criar um espaço para a reflexão, um local onde o público possa se questionar sobre as complexas camadas da condição humana”, reflete Gabriel.
Trajetória de Sucesso
O espetáculo nasceu a partir do encontro do elenco numa residência do Sesc Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Depois de um intenso processo de preparação e ensaio, a Cia Catártica estreou no Teatro Ruth de Souza, localizado no Parque Gloria Maria, em Santa Teresa, contando com a casa cheia durante toda a temporada. “A gente não sabia se teria retorno ou não, e foi uma temporada de ingressos esgotados. No último dia tinha gente na porta para ver se conseguia entrar. Choveu bastante nos dois domingos e mesmo assim o público foi lá”, lembra o diretor.
Depois da temporada de estreia, fizeram apresentações no Teatro Sylvio Martins, do Complexo Cultural Nova Iguaçu e no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, ambos com ótima recepção de público. Por fim, apresentaram na Biblioteca Parque Estadual, com ingressos gratuitos, que esgotaram em 48 horas. Gabriel revela que esta dinâmica pegou a todos de surpresa: “a gente vê as pessoas nos comentários dizendo ‘agora eu vou!’ ou ‘finalmente voltou!’ e coisas do tipo… É muito peculiar e, sinceramente, eu não sei dimensionar o porquê. Eu creio que é pela história. É um clássico. Apesar de ser uma nova releitura, ainda é um clássico.”, conclui.
Local: Teatro Laura Alvim – Casa de Cultura Laura Alvim – Av. Vieira Souto, 176, Casa de Cultura Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro/RJ
Data: de 11/03/2025 até 26/03/2025 (terças e quartas)
Horário: 20h
Ingressos: R$30 (inteira) / R$15 (meia) – https://linktr.ee/ingressosmedeia?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaYxfeh_EOqQT8_S9tAA0gaSRTATzEppDNjrlQmknX0xNzlKzWf4e_WNkE8_aem_lcS1XEpO9k7gSlXvUYdePg