O tenente-coronel Mauro Cid, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21/11), revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento sobre um plano de golpe de Estado. Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro, foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes para esclarecer contradições entre sua delação e as investigações em andamento.
A audiência foi marcada por questionamentos sobre informações obtidas pela Polícia Federal (PF), que motivaram a operação realizada na última terça-feira (19/11). De acordo com o relatório da PF, membros do governo Bolsonaro estariam envolvidos em um plano para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.
Os advogados de Mauro Cid, no entanto, negaram que o ex-ajudante de ordens tenha confirmado ao ministro Moraes que Bolsonaro tinha ciência ou participou ativamente do plano de execução das autoridades. Em declarações após o depoimento, Cezar Bittencourt, advogado de Cid, afirmou que o tenente-coronel apenas repetiu o que já havia dito anteriormente. Vania Adorno Bitencourt, advogada e filha de Cezar, reforçou a versão de que Bolsonaro estava ciente do plano golpista, mas não do plano de execução.
O STF confirmou que o ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Cid, considerando que ele esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. Esse depoimento foi o segundo de Mauro Cid em uma semana. No dia 19/11, ele havia comparecido à sede da PF, em Brasília, para depor após a recuperação de arquivos apagados de seus dispositivos eletrônicos.
Na mesma quinta-feira, a Polícia Federal também indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado no Brasil. O relatório com as acusações foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, que agora analisa os desdobramentos do caso. Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Bolsonaro, em entrevista à coluna de Paulo Cappeli, criticou a condução do inquérito, acusando o ministro Moraes de manipular depoimentos, realizar prisões sem denúncia formal e realizar ações que, segundo ele, violam a lei. Os 37 indiciados enfrentam acusações de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. As investigações apontam que o grupo estava dividido em seis núcleos distintos de atuação.