MARQUETEIRO DE BOLSONARO PEDIU ‘CÓDIGO-FONTE FAKE’ PARA APONTAR FRAGILIDADE NA URNA ELETRÔNICA, DIZ HACKER À CPI

Delgatti Neto também disse ter recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário. Hacker se encontrou com Bolsonaro para discutir supostas fragilidades da urna.

O hacker Walter Delgatti Neto disse em depoimento à CPI dos Atos Golpistas que, em uma reunião com assessores de campanha de Jair Bolsonaro, em outubro de 2022, foi aconselhado a criar um “código-fonte falso” para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e passível de fraude.

A proposta teria partido do marqueteiro Duda Lima em uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e outras pessoas ligadas à parlamentar.

“A segunda ideia era no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna emprestada da OAB, acredito. E que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro”, disse Delgatti.

“O código-fonte da urna, eu faria o meu, não o do TSE. Só mostrando, a população vendo que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia.”

Questionado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI, Delgatti reafirmou que não chegou a operar com o código-fonte original do TSE. E que a ideia de criar um código próprio veio de Duda Lima.

“Eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu, não o oficial do TSE. E nesse código-fonte, eu inserisse essas linhas, que eles chamam de ‘código malicioso’, porque tem como finalidade enganar, colocar dúvidas na eleição.”

O que dizem os citados

Em nota, Duda Lima nega participação na reunião e se diz “indignado” com o relato de Delgatti Neto.

“Encontrei com esse rapaz na escada do partido, não sabia quem ele era e nem quem estava com ele. Carla Zambelli não estava e nem Valdemar, quando ele me disse quem ele era. Desconversei, “pulei fora” e segui com minhas atividades”, diz.

Em nota, a defesa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) “refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar”. E diz que não teve acesso aos autos da investigação.

“Suas versões [de Delgatti] mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade”, diz a defesa.

Por Luiz Felipe Barbiéri e Filipe Matoso, g1

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