A Estação Primeira de Mangueira apresentou na sexta-feira (16) seu o enredo para o carnaval de 2026: “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”. O agremiação vai trazer para a Sapucaí a história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca.
O enredo é assinado pelo carnavalesco da agremiação Sidnei França e dá início ao triênio do centenário da agremiação.
De origem negra e indígena, cernes da formação do Amapá, Raimundo dos Santos Souza, personagem central da Verde e Rosa apresenta os encantos que viveu no seu território. Ao ser apelidado como Sacaca, uma titulação xamânica, ele navegou pelos rios que cruzam a região Norte do Brasil, entrando em contato com diferentes populações tradicionais.
Mestre Sacaca tornou-se um personagem brasileiro de profundos saberes sobre o manuseio de ervas, seivas, raízes e elementos que compõem a Amazônia Negra amapaense. Utilizava seus conhecimentos no tratamento de doenças e do cuidado comunitário por meio de garrafadas, chás, unguentos e simpatias.
Por isso, também se tornou conhecido como “Doutor da floresta” em diferentes cidades das terras Tucujus – expressão oriunda de um grupo indígena que habitava essa região, e que atualmente é utilizada para se referir ao povo desse estado.
Marabaixo
Sacaca também foi marabaixeiro (alguém que pratica ou participa do marabaixo, uma manifestação cultural afro-amapaense que combina música, dança e ritual).
Participou ativamente da maior manifestação cultural desse estado, e integrou-se ativamente ao carnaval do Amapá, outro importante festejo da região. Foi Rei Momo por mais de 20 anos, além de fundar blocos e escolas de samba do estado. Tornou-se um defensor e estimulador dos tambores da Amazônia Negra.
Nascido em 1926, o Xamã Babalaô – como foi chamado em uma canção póstuma composta por Ricardo Iraguany e Enrico Di Miceli – ainda é presente na memória do povo amapaense. Sua família segue perpetuando seus saberes, conhecimentos e vivências.
Por Enildo Viola, RJ2