MAIS DE 400 MIL PESSOAS DEIXARAM SUAS CASAS EM GAZA, DIZ ONU

Maioria está abrigada em escolas da região; número representa cerca de 20% da população

Mais de 423 mil moradores da Faixa da Gaza deixaram suas casas por causa do conflito armado entre Israel e o grupo extremista Hamas, segundo relatório publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e divulgado pela Reuters nesta 6ª feira (13.out.2023). O número representa cerca de 20% da população da região.

O Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) informou que somente na 5ª feira (12.out), o número de pessoas que se deslocaram aumentou em 25%. A maioria está abrigada em escolas da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo).receba alertas grátis do Poder360

Deslocados são pessoas que se movimentam dentro de seu próprio território, sem atravessar a fronteira, por motivos de guerras ou conflitos armados.

Na 5ª feira (12.out.2023), as Forças Armadas israelenses pediram que os moradores da Faixa de Gaza deixassem suas casas em até 24 horas e se deslocassem para o sul “para sua própria segurança”.

Em comunicado, o Ocha também afirmou que desde o início do conflito, 7 instalações de água e esgoto, que abastecem mais de 1 milhão de pessoas, foram danificadas pelos ataques aéreos de Israel. Eis a íntegra do documento (PDF – 43 kB, em inglês).

Além disso, a única central elétrica de Gaza parou de funcionar por falta de combustível e o estoque de alimento está escasso em 70% das lojas da região.

ENTENDA O CONFLITO

Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.

O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.

O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.

A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), Guerra do Yom Kippur (1973), a 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.

Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), em 1947, na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, as lideranças árabes não aceitaram a divisão.

ATAQUE A ISRAEL

O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.

Os ataques do Hamas se concentram ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.

O tenente-coronel israelense Richard Hecht afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.

Comments (0)
Add Comment