Levantamento aponta que 41% dos réus receberam auxílio emergencial, 43% são autônomos e apenas 1,2% tinham mais de 65 anos no dia dos ataques
A análise dos processos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 revela um perfil predominante entre os réus: homem, branco, casado, de baixa renda e com nível educacional limitado. O levantamento, realizado pelo jornal O Globo, aponta que a maioria dos acusados tem, no máximo, o ensino médio completo e ganha até dois salários mínimos por mês.
Os dados mostram que 91% dos condenados tinham menos de 59 anos na data dos ataques. Apenas 1,21% tinham 65 anos ou mais, enquanto a maior parte (36,88%) estava na faixa etária de 45 a 54 anos. Durante o julgamento no STF, o ministro Alexandre de Moraes apresentou esses números para refutar a tese propagada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados de que os réus seriam, em grande parte, “velhinhas carregando Bíblias”.
“Vou desfazer uma narrativa totalmente inverídica de que o STF estaria condenando ‘velhinhas com a Bíblia na mão’ que estariam ‘passeando pelo STF, pelo Congresso’. Nada mais mentiroso do que isso”, declarou Moraes ao apresentar imagens da invasão.
Outro aspecto identificado pelo estudo é a situação econômica dos réus. Entre os presos, 43,2% eram profissionais autônomos, 18,7% estavam desempregados e apenas 11,6% tinham vínculo formal de trabalho. Além disso, 41% informaram ter recebido o auxílio emergencial, benefício criado durante a pandemia de Covid-19 no governo Bolsonaro.
A origem geográfica dos acusados também foi analisada. A maioria vem das regiões Sul e Sudeste, com São Paulo (296 pessoas) e Minas Gerais (170) liderando o ranking. Apesar de ser o epicentro dos atos, o Distrito Federal aparece apenas na sétima posição, com 69 presos. O levantamento identificou ainda que 210 réus tinham filiação partidária, sendo que 90 pertenciam ao PL, partido de Bolsonaro.
Até agora, o STF já condenou 503 pessoas pelos atos golpistas, absolveu oito e, na semana passada, tornou réus Bolsonaro, o ex-ministro Walter Braga Netto e outros seis integrantes do governo anterior, sob a acusação de envolvimento na trama que resultou na tentativa de golpe.
Por Brasil 247