LULA SOBE O TOM EM COBRANÇA POR CONTRIBUIÇÃO PARA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: “É UMA DÍVIDA COM O PLANETA”

“Nós queremos essa contribuição de vocês e isso não é favor. Vocês derrubaram as florestas de vocês 150 anos antes de nós. Agora vocês paguem”, disparou o presidente

O presidente Lula (PT) falou de maneira mais firme nesta segunda-feira (14), no “Conversa com o Presidente”, sobre a necessidade de o ‘mundo rico’ – como ele mesmo classificou – contribuir financeiramente para a preservação ambiental nos países que ainda têm suas florestas em pé. O presidente participou na última semana da Cúpula da Amazônia, em Belém, que reuniu países amazônicos e com florestas e, segundo Lula, buscou preparar uma pauta de reivindicações destas nações para ser apresentada no fim do ano nos Emirados Árabes, durante a COP28. “Todo mundo fala da Amazônia, todo mundo dá palpite, mas é a primeira vez que a Amazônia fala para o mundo, é a primeira vez que o povo amazônida fala para o mundo. E por isso vamos levar esse documento. Ainda vamos ter algumas reuniões até chegar o encontro nos Emirados Árabes. E vamos pela primeira vez discutir com mais seriedade a contribuição dos países ricos com relação à preservação das florestas. Não basta as pessoas enxergarem através de satélites as copas das árvores. É preciso enxergar que lá embaixo moram 50 milhões de pessoas, só no caso do Brasil são 30 milhões”.

“É muito simples compreender: os países ricos tiveram a sua introdução na revolução industrial bem antes do Brasil. Então eles são responsáveis pela poluição do planeta muito antes de nós. Eles conseguiram derrubar todas as suas florestas muito antes de nós. Então agora o que eles têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver. Nós não queremos ajuda. Nós queremos um pagamento efetivo. É como se estivessem pagando uma coisa que eles devem à humanidade. Eles devem à humanidade a gente preservar as atuais florestas”, disse o presidente, classificando a situação como uma “dívida” dos países desenvolvidos com o planeta. “Nós temos condições de chegar ao mundo lá nos Emirados Árabes e dizer ‘a situação é essa, nós queremos essa contribuição de vocês e isso não é favor, é pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra porque vocês derrubaram as florestas de vocês 150 anos antes de nós. Então agora vocês paguem para que a gente possa preservar a nossa floresta gerando emprego, oportunidade de trabalho e condições de melhorar a vida das pessoas’. É isso. Façam as contas e vamos ver quanto é que vocês têm que colocar na mesa para a gente poder continuar preservando as nossas florestas”.

Questionado sobre a viabilidade dos pagamentos, o presidente lembrou o montante gasto em 2022 com guerras mundo afora. “No ano passado, o chamado mundo rico gastou US$ 2,224 trilhões em guerra. Qual é a diferença? A diferença é que nós aqui no Brasil não queremos gastar com guerra. Queremos gastar com investimentos nas coisas que vão gerar melhoria da qualidade de vida das pessoas. O nosso PAC prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão. Só na transição energética vamos gastar o equivalente a R$ 540 bilhões, investimento para produzir [energia] eólica, solar, biomassa, biodiesel, etanol; coisas que podem significar que a gente vai ter uma indústria verde”.

Ainda de acordo com Lula, o Brasil tem “autoridade moral” de sobra para pressionar os países na questão ambiental. “Hoje a gente tem 87% da nossa energia elétrica limpa; o mundo tem 27%. Quando coloca todo o combustível, incluindo gasolina e tudo, o Brasil tem 50% de energia limpa e eles têm 15% só. Então o Brasil tem autoridade moral para discutir com essa gente em pé de igualdade e dizer o seguinte: ‘olha, nós não estamos precisando de favor. Nós estamos precisando que vocês tenham uma nova visão sobre a contribuição que vocês tem que fazer como pagamento daquilo que vocês já fizeram ao planeta’. Porque o Congo, a Indonésia, a Venezuela, o Brasil, todos os países têm o direito de se desenvolver. Todos nós queremos ter o padrão de vida do povo alemão, do povo francês, do povo sueco”.

Por 247

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