Desvalorização da estatal ocorreu após o Conselho de Administração da Petrobras anunciar que não pagaria os R$ 72,4 bilhões de dividendos extraordinários aos acionistas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou reunião com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, após a estatal perder R$ 55 bilhões em valor de mercado em um único dia. O encontro vai ocorrer no Palácio do Planalto às 15h.
A desvalorização da estatal na bolsa de valores ocorreu após o Conselho de Administração anunciar na quinta-feira (8) que não pagaria os R$ 72,4 bilhões de dividendos extraordinários aos acionistas, ou seja, distribuiria uma fatia maior dos lucros aos investidores.
A reação do mercado foi negativa e os papéis da Petrobras sofreram um tombo. Isso porque existia a expectativa de que a empresa distribuísse, ao menos, 50% dos dividendos extraordinários. No entanto, a decisão da companhia foi de reter os repasses. A União, que possui a maior fatia da petrolífera, também não vai receber esse valor extraordinário.
Informação de bastidores dão conta que houve um racha no Conselho de Administração da Petrobras sobre a distribuição de dividendos extraordinários da companhia.
A equipe do governo defendeu, em conversa com o presidente da Petrobras na semana passada, que não fosse feito o repasse aos acionistas. Prates, por sua vez, defendeu a distribuição de uma fatia do montante e alertou que a estatal poderia sofrer um tombo no mercado. O tema foi levado ao presidente Lula, conforme revelado pela colunista Malu Gaspar do jornal O Globo. O petista bateu o martelo e decidiu pelo não pagamento. O encontro não consta na agenda oficial do presidente Lula.
Ficou definido que os dividendos extraordinários fossem retidos em uma reserva de remuneração de capital. Por ter a maioria das ações da Petrobras, o governo possui 6 dos 11 conselheiros da estatal. Os outros membros representam funcionários e acionistas minoritários da empresa. Ao votar na reunião do conselho da estatal, no entanto, Jean Paul Prates, contrariado na reunião com Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se absteve da decisão de repassar os recursos aos investidores.
Pela lei das estatais, os dividendos extraordinários não podem ser usados diretamente nos investimentos e nem mesmo para abater dívidas Ainda assim, a equipe do governo mais alinhada ao presidente Lula defendeu que manter os mais de R$ 73 bilhões no caixa da Petrobras, ou seja, na reserva de capital, pode ajudar a petrolífera a obter empréstimos em condições mais favoráveis.
Por O Tempo