LULA SE IRRITA COM LUPI MAS O MANTÉM NO MINISTÉRIO

Em meio ao maior escândalo já registrado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a demissão do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, mas decidiu preservar no cargo o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. A informação foi revelada pelo jornal Valor Econômico, em reportagem publicada nesta quarta-feira (23).

A operação, conduzida pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal, revelou um esquema de fraudes na Previdência com desvios que podem ultrapassar R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024. Trata-se da maior investigação da história do órgão. Apesar da gravidade dos fatos, Lula optou por não exonerar Lupi, presidente licenciado do PDT, considerando o papel estratégico do partido na base aliada do governo no Congresso.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, o presidente ficou contrariado com Lupi, diante da percepção de que o ministro poderia ter atuado preventivamente para conter os indícios do esquema. Stefanutto, demitido por ordem direta de Lula, ocupava a presidência do INSS por indicação de Lupi, que admitiu a responsabilidade pela nomeação durante entrevista coletiva nesta quarta-feira.

“Não vamos colocar essas pessoas numa fogueira sem antes dar o direito de defesa, vamos tomar uma decisão baseada em fatos”, declarou Lupi pela manhã, antes de ser surpreendido pela decisão do presidente de demitir Stefanutto no mesmo dia.

Antes de assumir a presidência do INSS, Stefanutto foi diretor de Orçamento, Finanças e Logística da autarquia e também atuou como procurador-federal junto ao INSS entre 2011 e 2017. Fontes da CGU indicam que ele tinha conhecimento prévio de relatórios internos que apontavam suspeitas de irregularidades, o que agrava sua responsabilidade no escândalo.

Em 2023, o então diretor de benefícios do INSS, André Fidelis, já havia sido afastado por suspeita de envolvimento no mesmo esquema. Como medida de contenção, o governo chegou a editar uma portaria que exigia a autenticação biométrica para autorização de descontos em mensalidades associativas, mas a medida não foi implementada, em razão de atrasos técnicos atribuídos à Dataprev.

Apesar do desgaste, Lula não pretende romper com o PDT, legenda que possui 17 deputados federais e três senadores, entre eles o influente Weverton Rocha (MA). A recusa recente do deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) em assumir o Ministério das Comunicações agravou o quadro de instabilidade na articulação política, reforçando a necessidade de manter aliados estratégicos no governo.

por Brasil 247

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