Em reunião na Granja do Torto neste sábado, lideranças nacionais fizeram avaliações do desempenho do governo em suas determinadas áreas e apresentaram sugestões
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou o processo de escuta dos movimentos sociais neste sábado (6). Durante reunião na manhã, na Granja do Torto, em Brasília, Lula ouviu os representantes dos sindicatos e das mobilizações de luta por direitos. Durante a reunião, as lideranças nacionais fizeram avaliações do desempenho do governo em suas determinadas áreas e apresentaram sugestões.
Inicialmente, o encontro não estava previsto na agenda oficial da Presidência da República, mas foi incluído após solicitação do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, para que o presidente Lula ouvisse as demandas dos setores.
Após o encontro, o ministro Márcio Macêdo revelou que esta é a primeira reunião de uma série de encontros que ocorrerão com mais frequência para ouvir as demandas destes setores ao governo federal, sugestões e avaliações de políticas públicas. E deu retorno sobre como Lula recebeu as sugestões.
“O presidente ficou muito feliz com a reunião, ouviu pacientemente todos os diagnósticos. E fez um diálogo também a partir da provocação das pessoas, está muito bem, muito tranquilo, sabe o que tem que ser feito, sabe do que está sendo feito no país. Ele está muito tranquilo do que está sendo feito no Brasil e do que temos que fazer mais ainda. Temos mais de três anos para concluir os compromissos que o presidente tem com o povo brasileiro, que assumiu nas urnas”, explicou.
Evangélicos e católicos
Sobre as reivindicações feitas pelas pastorais católicas e evangélicos, o ministro afirmou que foram sobre a necessidade de ter políticas públicas que possam alcançar as comunidades das duas crenças, sobretudo voltadas às mães preocupadas com seus filhos vítimas de violência nas periferias das grandes cidades brasileiras. “Há uma concordância de que o Estado é laico e que não deve legalmente, nem eticamente, se apropriar de nenhum tipo de religião, mas que possa atender essas comunidades e a esses temas que afligem essas pessoas, como as crianças fora da escola”.
Abril Vermelho
Em entrevista coletiva à imprensa, na entrada da Granja do Torto, Márcio Macêdo foi questionado sobre a retomada da reforma agrária no país e a ocorrência de eventos relacionados ao Abril Vermelho, que teve origem no Massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996), quando 19 sem-terra no Pará foram assassinados.
O ministro, então, declarou que os movimentos rurais têm autonomia para fazer mobilizações, mas, que durante a reunião deste sábado, as pautas do setor rondaram as políticas públicas. “O Abril Vermelho acontece todos os anos. E não foi tratado esse assunto do Abril Vermelho Obviamente que foram dadas sugestões em relação às políticas públicas para o campo”.
Entre as necessidades ouvidas pelo presidente Lula durante o encontro estão mais crédito rural, incentivos à agricultura familiar, acesso ao programa habitacional voltado ao campo, e desburocratização para investimento em reformas de casas no meio rural.
Presentes
Na lista de participantes estão representantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação Única dos Petroleiros (FUP), pastorais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Evangélicos pela Democracia, Católicos pela Democracia, Juristas pela democracia, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) União Nacional dos Estudantes (UNE), Levante Popular da Juventude, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), além das confederações nacionais que representam os bancários e os metalúrgicos.
Pelo governo federal, também estiveram presentes, além do presidente Lula e os ministros Márcio Macêdo e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom/PR). Ainda não há data para realização da próxima reunião, mas Márcio Macêdo acredita que será marcada brevemente.
Petrobras
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, participou do encontro e falou sobre ”a Petrobras que a FUP entende que deve ser, considerando que a estatal não será apenas de óleo e gás, mas, sim, uma empresa de energia”. Para isso, precisa se voltar para a transição energética justa, de forma dialogada com trabalhadores e comunidades impactadas, e observando as demandas que já existem de combustíveis verdes no mundo e no Brasil.
“Por exemplo, companhias aéreas, a partir de 2027, terão que usar o SAF (combustível sustentável de aviação), navios usarão metanol, os novos trens da Vale também serão movidos com combustíveis verdes, assim como o processo de produção do agronegócio”, destacou Bacelar, sinalizando a “necessidade de a Petrobras ser protagonista nesse processo, indutora de um polo industrial nacional de combustíveis verdes”. Ele citou a importância do Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, estado que tem grande potencial de geração de energia eólica e solar e de atração de investimentos.
“Falamos também sobre a necessidade de a Petrobras, cada vez mais, ampliar o cumprimento de seu papel social. Isso passa, inclusive, por cuidados com o GLP, o gás de cozinha, que atinge a população mais necessitada. Destacamos ainda a importância de ampliação da capacidade de refino brasileiro e de se trazer encomendas de navios, sondas e plataformas para o Brasil, contribuindo para o processo de geração de emprego e renda no país.
Ampliação de investimentos
Bacelar falou também sobre a disputa da renda petrolífera para a ampliação de investimentos da Petrobras e aceleração das obras que estão para ser retomadas, como o segundo trem da refinaria Abreu e Lima (PE), do Gaslub (RJ), Fafem PR, Fafem MS, “obras que precisam ser concluídas até o final do governo do presidente Lula”, ressaltou.
Ele destacou também a questão da Margem Equatorial. “O governo precisa se posicionar sobre este tema, tendo em vista a importância desta reserva para a soberania energética brasileira – considerando que, a partir de 2030, teremos declínio na curva de produção do pré-sal – e para o desenvolvimento econômico e social da região”, disse.
Com informações da Agência Brasil e FUP