“LULA É O MELHOR QUE TEMOS, MAS NOSSO APOIO NÃO PODE SER INCONDICIONAL”, DIZ JOSÉ GENOINO

Ex-presidente do PT, José Genoino, defende apoio crítico ao governo Lula e cobra postura firme em pautas progressistas

O militante político José Genoino, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), ofereceu uma avaliação direta e contundente sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em recente entrevista aos jornalistas Mario Vitor Santos e Regina Zappa, da TV 247. Genoino, uma figura histórica dentro do PT, trouxe à tona o dilema enfrentado por muitos apoiadores de Lula: como manter o apoio ao presidente sem ignorar as críticas necessárias para impulsionar um projeto de esquerda mais robusto e efetivo.

“O Lula é a melhor possibilidade que o Brasil tem. Se o Lula não der certo, o que vem é uma tragédia”, afirmou Genoino, alertando para os riscos de um possível fracasso do governo e o que isso poderia significar para o futuro do país. No entanto, ele destacou que estar com Lula não significa aceitar tudo sem questionamentos: “Eu estou com Lula, mas eu cobro. Eu estou com Lula, porém eu exijo”.

Para Genoino, o governo precisa de uma postura mais enérgica em várias frentes, especialmente no enfrentamento de questões econômicas e sociais. “Para derrotar a direita extremada, nós temos que tensionar aspectos do modelo neoliberal”, defendeu. Ele também chamou a atenção para a necessidade de políticas que favoreçam a nova classe trabalhadora, como os trabalhadores de aplicativos e terceirizados: “Quero uma regulamentação para a nova classe trabalhadora que está sem direitos e transporta comida, uberizado e terceirizado”.

Genoino foi além e apontou para a urgência de o governo federal tomar decisões mais robustas em relação à crise climática, mencionando os desastres recentes no Rio Grande do Sul como exemplos da necessidade de uma resposta governamental mais ativa. “A gente tinha que ter botado um gabinete de cientistas ao lado do gabinete do presidente da República para orientá-lo nas questões da emergência climática. Isso é apoiar o governo de maneira positiva”.

Ele também comentou sobre a amplitude da coalizão que elegeu Lula, ressaltando que, por isso, o governo tem se mostrado “muito nivelado por baixo”. Para Genoino, o caminho ideal seria “nivelar pelo meio” e, para isso, é necessário criar tensões internas e externas que pressionem por mudanças. “Se você não criar um tensionamento positivo, acaba se acomodando ao status quo”, alertou.

Além de suas cobranças, Genoino refletiu sobre sua própria trajetória política, destacando os aprendizados ao longo dos anos. “A classe dominante atira para matar, e me atiraram; quase me mataram”, relembrou. Ele mencionou também que, apesar de estar distante de decisões diretas, suas opiniões continuam sendo uma forma de participação política ativa. “Eu falo com o PT, falo com o Lula pelas redes sociais. Certamente ele me ouve, mas eu também não tô querendo pedir audiência ao Lula”.

O discurso de Genoino traz à tona o papel dos apoiadores críticos, que enxergam em Lula o líder necessário para o Brasil, mas não abrem mão de pressionar por reformas estruturais. A mensagem de Genoino é clara: o apoio ao governo é fundamental, mas esse apoio deve ser acompanhado de exigências para que o governo continue avançando em direção às reformas que o país tanto precisa.

Análise Crítica

A fala de José Genoino reflete o cenário atual de uma esquerda que busca redefinir suas estratégias sem abrir mão de seus ideais. Sua postura é emblemática de uma ala que, embora reconheça a importância de Lula, vê a necessidade de pressionar o governo a adotar medidas mais progressistas e corajosas, especialmente em um momento de crises múltiplas, como as mudanças climáticas e os desafios econômicos enfrentados por grande parte da população. Essa crítica construtiva de Genoino ecoa os sentimentos de muitos que acreditam que o governo deve caminhar de forma mais assertiva em relação a temas fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Por247

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