Presidente disse que a França e a Argentina ainda não concordaram com a medida, mas que persistirá até a cúpula do Mercosul, no Rio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 2ª feira (4) que não desistirá do acordo Mercosul-União Europeia, mesmo que a França e a Argentina ainda tenham restrições à medida.
O petista cumpre agenda de visitas à Alemanha, que disse concordar com a parceria entre os 2 blocos. Lula não descartou que o acordo seja assinado ainda na Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, em 7 de dezembro.
“Eu só posso dizer para você que não vai ter assinatura na hora que terminar a reunião do Mercosul e que eu tiver o ‘não’. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, vou lutar para fazer”, disse em entrevista a jornalistas em Berlim.
Lula afirmou que o acordo é negociado há 23 anos e que a França é historicamente contrária por questões internas com seus produtores rurais. Já no caso da Argentina, o problema é a mudança de governo, com o libertário Javier Milei prestes a tomar posse em 10 de dezembro.
“Não é apenas o Macron. Foi o Macron, foi o [Nicolas] Sarkozy, foram todos os presidentes […] Nenhum deles se propõe a fazer o acordo com o Mercosul porque eles têm problemas políticos e financeiros com os produtores franceses”, declarou, antes de completar: “Nós respeitamos a posição deles”.
Segundo o presidente, o presidente rotativo da União Europeia neste 2º semestre, Pedro Sánchez, da Espanha, pode vir ao Rio de Janeiro para a cúpula. Além disso, haverá ainda uma reunião entre as chancelarias dos blocos para tentar resolver pendências técnicas.
“Porque, se depois de 23 anos, a gente não concluir o acordo, é porque penso que nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que nós temos de avançar nos acordos comerciais, políticos e econômicos. E eu não vou desistir, enquanto eu não conversar com todos os presidentes e ouvir o não de todos. Aí nós vamos partir para outra”, disse.
O presidente conversou com jornalistas depois de assinar 21 acordos em áreas como meio ambiente, mudança climática, combate à desinformação e agricultura com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. O líder alemão também citou o 8 de Janeiro e as guerras na Ucrânia e em Gaza como temas que ambos conversaram durante a reunião que precedeu as assinaturas.
“Eu quero mencionar um evento triste: nós todos nos lembramos das imagens horríveis de Brasília quando uma multidão desenfreada destruiu os símbolos da democracia. Não só as janelas do palácio da presidência foram quebradas, mas se quebrou algo em matéria de democracia. Ficou claro que as nossas democracias têm que ser resilientes, é por isso que vamos à desinformação e às campanhas de ódio nas redes sociais”, disse Scholz.
Por Poder 350