Anfavea anunciou R$ 125 bilhões de investimentos no Brasil, até 2032, para a produção de carros elétricos e híbridos com etanol, com estímulos do programa Mover
Durante inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (12) que o Brasil está se tornando “referência” na produção de carros mais sustentáveis. De acordo com a Anfavea, as montadoras vão investir R$ 125 bilhões até 2032. O programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) é um dos motores desses investimentos.
“Aconteceu alguma coisa”, afirmou Lula. “A indústria passou a ter confiança no Brasil, a acreditar, a ter segurança jurídica, estabilidade econômica e social. É tudo o que interessa para quem quer investir e trabalhar”, completou.
“Esses investimentos vão proporcionar crescimento e descarbonização ao país em um gesto de ousadia”, declarou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. Ele disse ainda que, na esteira dos incentivos recebidos pelo setor, as montadoras voltarão a vender 3,8 milhões de veículos, maior marca já registrada em um ano.
Além disso, Lula foi aplaudido quando pediu a retomada do Salão do Automóvel. “Quem quer vender, precisa oferecer. Convidem ministros de outros países, mostrem o que a indústria brasileira tem”, comentou.
“Estamos produzindo hoje metade do que produzíamos em 2010. Quem errou? Andamos para trás e é preciso andar para frente sem olhar para trás. Se depender da minha presidência, dos meus ministros, teremos mais emprego, novas tecnologias, mais produção. Temos de aprender ser grande e ir lá fora vender nossos produtos.”
Ao mesmo tempo, Lula elogiou o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Assim, disse que ele ficará “muito tempo” no cargo “só de teimosia”, reagindo aos ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro.
Vendas em alta
No primeiro trimestre deste ano, as vendas de automóveis foram 9% maiores do que no mesmo período do ano passado. A média diária de emplacamentos de veículos novos reflete essa expansão, tendo crescido 12,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2023, segundo dados da Anfavea.
O ritmo acompanha tendência já observada em 2023, quando o conjunto do setor automotivo registrou crescimento de 9,7% nas vendas em comparação a 2022. Os automóveis leves puxaram a subida, com volume de vendas de unidades novas 11,2% maior que no ano anterior. A produção de veículos também cresceu, 1,3% a mais que em 2022.
Desse modo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou a Anfavea como “a casa do emprego, da renda e do desenvolvimento”. Ao mesmo tempo, disse que Lula quer fortalecer a indústria “porque tem compromisso com o emprego e a renda da nossa população. E a indústria faz toda a diferença na melhora da renda e na diminuição das desigualdades. E na melhoria da vida do povo”.
Disse ainda que o Mover, elaborado pelo seu ministério, é exemplo para o mundo. “Não será só do tanque à roda, mas do poço à roda, do ‘berço ao túmulo’, um dos conceitos mais modernos de descarbonização e de compromisso com o combate às mudanças climáticas. Também estimula a inovação, a exportação. Queremos uma indústria fortemente exportadora”, disse Alckmin.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a reforma tributária, em fase de regulamentação, terá impacto positivo para o setor produtivo nacional. “Um dos desafios da reforma tributária é melhorar a vida do industrial brasileiro. Queremos produzir mais, mais barato e melhor”, salientou.
Diálogo com os trabalhadores
Ao mesmo tempo, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Moisés Selerges, disse que é preciso “encher as fábricas e preencher a capacidade instalada no nosso país”. Para isso, defendeu acesso ao crédito e um “mix de veículos” compatível com a realidade brasileira. “Precisamos subir progressivamente do nível de produção atual para 5 milhões de unidades e levar o Brasil da 8ª para 6ª posição entre os fabricantes mundiais de veículos”.
Nesse sentido, disse que o Mover é um programa necessário, mas deveria ser mais “ousado”, incluindo metas de produção. Ao mesmo tempo, cobrou diálogo das montadoras com os trabalhadores. “A relação com os trabalhadores, com o movimento sindical, é importantíssima e fundamental. A negociação coletiva tem que ser permanente. O diálogo tem que ser permanente. Nós queremos também ser protagonistas, juntos com a Anfavea, no Brasil que nós queremos”.
Por Tiago Pereira, da RBA