Presidente não citou nome de antecessor em discurso em Belém, a quem acusou de ter demonstrado “nacionalismo primitivo” na ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na 3ª feira (8) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permitiu que houvesse crimes ambientais e aumento do desmatamento no Brasil durante a sua gestão. Sem citar o nome de seu antecessor, o petista afirmou que as políticas do ex-chefe do Executivo beneficiaram “apenas uma minoria que visava o lucro imediato”.
Lula discursou na Cúpula da Amazônia durante o encontro com presidentes e representantes de países que também têm floresta tropicais. O evento é realizado nesta 3ª e 4ª feiras (8 e 9.ago.2023) em Belém (PA).
De acordo com o presidente, a crise política que se abateu sobre o Brasil levou ao poder “um governo negacionista com consequências nefastas”. Lula acusou Bolsonaro de ter exposto, em discurso na ONU (Organização das Nações Unidas) em 2020, “noções de um nacionalismo primitivo” em que, segundo ele, o ex-presidente “responsabilizou índios e caboclos pelas queimadas provocadas pela ação humana”.
Em 2020, ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro disse que a floresta seria úmida e, por isso, não permitiria a propagação de fogo no seu interior. Afirmou que as queimadas haviam sido provocadas por caboclos e índios que estariam queimando roçado em áreas já desmatadas. Na época, o ex-presidente disse que o Brasil era vítima de uma das “mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”.
No discurso desta 3ª feira, Lula também afirmou que ativistas que atuavam em prol da preservação ambiental e dos direitos humanos foram perseguidos e atacados. “Perdemos de forma violenta diversas lideranças que lutaram contra a destruição e o descaso. Os que mais sofreram foram os indígenas e os povos tradicionais”, disse.
Para o presidente, a crise humanitária nas terras dos Yanomamis, identificada no início de seu 3º governo, mostrou que houve “desprezo pela vida humana e pelo meio ambiente”. “Pela decisão soberana do povo brasileiro e compromisso com a democracia, conseguimos virar essa triste página da nossa história”, disse.