Mais cedo, o diplomata foi convocado por autoridades israelenses para falar sobre o fato de o chefe do Executivo brasileiro ter comparado a ofensiva israelense ao Holocausto
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer (direita), visitou o museu Memorial do Holocausto, em Jerusalém, com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz (esquerda), na presença de repórteres – Foto: Ahmad Gharabli/AFP
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer (direita), visitou o museu Memorial do Holocausto, em Jerusalém, com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz (esquerda), na presença de repórteres — Foto: Ahmad Gharabli/AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta segunda-feira (19) chamar de volta ao Brasil o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer. Mais cedo, o diplomata foi convocado por autoridades israelenses para dar explicações sobre o fato de o chefe do Executivo brasileiro ter comparado a ofensiva israelense na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista no regime de Adolf Hitler, de 1933 a 1945.
“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula em coletiva de imprensa no domingo (18), em Adis Abeba, capital da Etiópia. O presidente brasileiro também criticou Israel ao afirmar que Tel-Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e afirmou que defende a criação de um Estado palestino.
Para Lula, o conflito “não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, afirmou. “Não é uma guerra, é um genocídio”, completou o presidente brasileiro.
Em resposta, ao lado de Frederico Meyer, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse na manhã desta segunda-feira que o presidente brasileiro é “persona non grata”. “Ele é persona non grata no Estado de Israel, enquanto não se retratar por suas declarações e pedir desculpas”, afirmou o chanceler israelense.
Ele se reuniu com Meyer no centro memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém. O local é totalmente fora dos padrões diplomáticos. Esse tipo de encontro geralmente é feito a portas fechadas, na sede do Ministério das Relações Exteriores do país onde o diplomata estrangeiro serve.
Por Renato Alves – O Tempo