LULA ANUNCIA COMPRA DE NOVOS AVIÕES PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Presidente detalhou a pane no avião da Presidência que o fez sobrevoar o aeroporto do México por quatro horas e meia: “momento de muita reflexão”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (11), em entrevista  à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza, que o Brasil vai comprar novos aviões para a Presidência da República. O anúncio ocorre após o avião presidencial passar por problemas técnicos durante uma viagem de Lula ao México no início do mês. A falha obrigou o piloto a realizar manobras de segurança no espaço aéreo mexicano por 5 horas.

Durante a entrevista, Lula relatou o episódio com um tom bem-humorado. “Quando levantou voo, aconteceu alguma coisa porque o avião estava com um ronco diferente, uma tremedeira. O avião trepidava muito. E eu logo levantei para ir saber com o piloto o que estava acontecendo. Cheguei lá a porta estava fechada. Eu bati na porta, o piloto abriu. Eles estavam nervosos, porque eles estavam vendo como iam sair daquela situação, e falaram ‘bom, assim que a gente tiver informação nós vamos lhe passar’. E me disseram ‘o avião está seguro. Tem uma turbina com problema, um motor, mas o outro está bem. Já pedimos emergência para o aeroporto e vamos ficar circulando aqui durante duas horas até esvaziar um pouco o tanque, porque está muito cheio e se a gente pousar com o avião pesado poderá acontecer um acidente e até um problema com o trem de pouso’. E aí ficamos lá, duas horas rodando, fazendo um ‘oito’ em cima do aeroporto”, disse.

“Depois das duas horas eu voltei para perguntar ‘e agora?’. E, bom, ‘vamos ficar mais duras horas e meia’. Obviamente que o pessoal fica preocupado. Eu pedi para servir almoço para o pessoal, para o pessoal comer, até fiz uma brincadeira estúpida dizendo que era preciso comer porque a gente não sabia se tinha comida no céu. Graças a Deus o avião pousou normal. Todo mundo teve tempo de repensar sua vida. Foram quatro horas e meia em que eu pensei muito sobre o que eu tinha feito na vida, o que tinha para fazer, e você pensa como ser humano o que você cometeu de erros, de acertos, se você passou pela Terra como um cara bom, como um cara ruim, o que você fez de errado. Foi um momento de muita reflexão de todo mundo”, contou Lula.

O presidente conta que o ocorrido fez com que o governo percebesse a necessidade de adquirir novos aviões. “Desse problema nós tiramos uma lição: nós vamos comprar não apenas um avião, mas é preciso comprar alguns aviões para que o Brasil, um país grande, com  8,5 milhões de quilômetros quadrados, com 360 mil quilômetros de florestas tropicais, com 8 mil quilômetros de fronteira marítima, 5,5 milhões de quilômetros quadrados de água, nós precisamos nos preparar. Não dá para a gente ser pego de surpresa. Eu pedi para que o ministro da Defesa me fizesse uma proposta e nós vamos comprar um avião para o presidente da República, entendendo que a ignorância não pode prevalecer”, afirmou.

Segundo Lula, a compra do avião vai permitir que ministros, autoridades e os próximos presidentes trabalhem em prol do povo com segurança. “Um avião para o presidente da República não é um avião para o Lula ou para o Fernando Henrique Cardoso ou para o Bolsonaro. Um avião para o presidente é um avião para a instituição Presidência da República, quem quer que seja eleito. Nós vamos comprar e vamos comprar alguns outros aviões, porque é preciso os ministros viajarem. Nós não governamos o Brasil com o ministro coçando lá em Brasília. Ministro tem que viajar, tem que fazer entrega, conversar com prefeito, com governador, com o povo”, defendeu.

O presidente também relembrou momentos da campanha de 2006, quando adversários criticavam o uso do avião presidencial. “Eu tive uma lição muito grande. Eu durante muito tempo fui muito comedido. Quando eu comprei esse avião, 309, o menor da Airbus, eu comprei o mais barato e o menor, mesmo assim o Brizola o cunhou de ‘Aerolula’. Você está lembrado que a campanha de 2006 foi feita em cima do ‘Aerolula’, como se o avião fosse do presidente. Eu superei isso. Eu, aos 79 anos, superei isso porque um presidente da República tem que se respeitar, a instituição tem que se respeitar e o Brasil é muito grande. Não precisa o presidente da República correr risco”, explica.

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