Visita de Pham Mihn Chinh, primeiro-ministra vietnamita, marca a aproximação brasileira com o grande mercado asiático
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu ontem (25) o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Mihn Chinh. O encontro ocorreu no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Durante a conversa, representantes dos dois governos assinaram quatro importantes instrumentos bilaterais, solidificando ainda mais os laços entre Brasil e Vietnã.
Em declaração à imprensa após a reunião, Lula anunciou que aceitou o convite para visitar Hanói, a capital vietnamita, em 2024, ocasião em que serão celebrados os 35 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre as nações.
Um dos marcos práticos da atual visita é a assinatura de um acordo de cooperação educacional, que, de acordo com o presidente Lula, “promoverá a mobilidade de estudantes entre os dois países”. “Mais de 18 mil estudantes, de 71 países, já participaram dos programas do governo federal de graduação e pós-graduação para estrangeiros”, disse o presidente.
Aliança no Sul global
Contudo, a parceria não deve parar por aí. “Os avanços econômicos e sociais do Vietnã na última década são impressionantes. A economia vietnamita cresceu a uma média de quase 6% ao ano e mais de dez milhões de pessoas (o equivalente a 10% da população) saíram da pobreza. Somos dois países do Sul Global comprometidos com a paz, o multilateralismo, o desenvolvimento sustentável e o combate à fome e à pobreza. Desejamos maior representatividade na governança internacional”, disse Lula.
Em especial, Lula agradeceu o apoio do importante país na geopolítica, sobretudo no Sudeste Asiático, no pleito brasileiro por revisão na estrutura da Organização das Nações Unidas. “Quero agradecer, de público, o reiterado apoio do Vietnã ao pleito do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU”, disse.
“Todo mundo sabe o empenho que o Brasil está fazendo, há muito tempo, para que a gente possa ter uma governança global mais ativa, mais representativa e com muito mais poder decisório, sobretudo quando se trata de conflitos ou da questão climática”, completou o presidente.
Mais acordos
Na área da agricultura, outro acordo. Então, está estabelecido um plano de ação que visa ampliar a cooperação entre o Brasil e o Vietnã. Isso permitirá a abertura do mercado vietnamita para novos produtos agropecuários brasileiros, conforme destacou o presidente Lula.
Além disso, os chefes de Estado assinaram um memorando de entendimento na área de defesa. O objetivo, aqui, é de facilitar as exportações de produtos como aeronaves. Então, os países adotaram um plano de trabalho para cooperação entre academias diplomáticas, fortalecendo os laços institucionais entre os dois países.
O presidente Lula ressaltou que as negociações para cooperação em ciência, tecnologia e inovação também estão avançadas. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, viajará ao Vietnã em novembro para a primeira reunião da Comissão Conjunta de Ciência e Tecnologia, explorando possíveis iniciativas conjuntas em áreas como inteligência artificial e startups.
Lula em parceria de relevância
Além das discussões bilaterais, os líderes abordaram questões regionais. Entre elas, a aproximação entre a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e o Mercosul. O Vietnã manifestou interesse em celebrar um acordo comercial com o Mercosul. Já Lula, por sua vez, se comprometeu a levar essa proposta aos parceiros sul-americanos, aproveitando a presidência brasileira no bloco.
Lula enfatizou a relevância de fortalecer os laços entre o Mercosul e a Asean. Então, argumentou que os países do Sudeste Asiático representam aproximadamente 6,5% do PIB mundial em paridade de poder de compra. As exportações brasileiras para essa região já equivalem a metade do que é exportado para a União Europeia. Então, neste mesmo entendimento, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, deve em breve viajar à Indonésia para discutir um plano de ação para a cooperação entre o Brasil e a Asean.
Em 2022, o comércio bilateral entre Brasil e Vietnã atingiu o recorde de US$ 6,4 bilhões, com o Brasil sendo o principal fornecedor de produtos como soja, carne suína, carne de frango e algodão para o Vietnã. O presidente Lula expressou o desejo de expandir e diversificar ainda mais esse fluxo comercial, incluindo produtos de alto valor agregado.
Nesta mesma segunda-feira, o primeiro-ministro Pham Minh Chinh realizará uma palestra no Palácio do Itamaraty para discutir as perspectivas do Vietnã em relação ao Brasil e ao mundo, promovendo um intercâmbio de conhecimento e entendimento mútuo entre os dois países.
Por RBA