Segundo Aladilce Souza, com reajuste para R$ 5,60, capital baiana tem a 5ª passagem mais cara do país, mas ocupa apenas o 17º lugar em poder de compra
O reajuste da tarifa de transporte público em Salvador para R$ 5,60, que entra em vigor neste sábado, gerou fortes críticas da oposição na Câmara Municipal. A vereadora e comentarista do programa Giro das Onze da TV 247 Aladilce Souza (PCdoB), líder da bancada oposicionista, classificou o aumento como “inadmissível” e um desrespeito à população, especialmente diante das dificuldades enfrentadas com a retirada de mais de 130 linhas de ônibus. A publicação da portaria no Diário Oficial do Município pela Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal), nesta quinta-feira (2), surpreendeu moradores e intensificou as críticas.
“Aumentar a tarifa para R$ 5,60 enquanto a população enfrenta o caos para se locomover pela cidade, devido à retirada de mais de 130 linhas de ônibus, é uma provocação. Salvador passará a ter a 5ª tarifa mais cara entre as capitais, apesar de ser apenas a 17ª em poder de compra. Esse foi o ‘presente’ do prefeito Bruno Reis pela reeleição”, declarou Aladilce.
Para a vereadora, o reajuste de R$ 0,40 é desproporcional ao poder aquisitivo da população e foi implementado sem a devida transparência. “O Executivo sequer apresentou a planilha de custos à Câmara ou ao Conselho Municipal de Transporte. Nos últimos anos, o Conselho foi esvaziado de forma premeditada, justamente para evitar instâncias de diálogo com a sociedade”, criticou Aladilce, reforçando a necessidade de maior participação popular nas decisões que impactam a mobilidade urbana.
A líder da oposição defende a realização de um Congresso da Cidade para debater amplamente a questão do transporte público em Salvador. “Em todos os bairros que visitamos, a principal queixa é sobre o transporte coletivo: a redução das linhas de ônibus e as dificuldades de circulação. Muitas pessoas estão interrompendo até tratamentos médicos porque se tornou inviável pagar uma das tarifas mais caras do país. E, em vez de resolver essa situação, o prefeito surpreende com mais um aumento”, lamentou.
Aladilce ressaltou ainda a discrepância entre o custo do transporte em Salvador e o poder de compra de sua população. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a renda média por pessoa na capital baiana é de R$ 1.503, enquanto em São Paulo, onde a tarifa foi reajustada para R$ 5,00, a renda média é de R$ 3.542, a 4ª maior entre as capitais brasileiras. “Nada justifica que a tarifa de Salvador seja mais cara que a de São Paulo, a maior cidade do país. Enquanto lá a renda média é mais que o dobro da nossa, aqui enfrentamos uma das tarifas mais altas do Brasil, com serviços que estão muito aquém do esperado”, concluiu.
O reajuste coloca Salvador entre as capitais com as tarifas mais caras do país, mas com um transporte coletivo frequentemente criticado pela população devido à superlotação, atrasos e diminuição de itinerários. A oposição promete continuar cobrando respostas e propondo soluções para a crise da mobilidade urbana.
Por Brasil 247