O investimento estrangeiro na China caiu para uma mínima de quatro anos em janeiro, enquanto a segunda maior economia do mundo enfrenta uma série de obstáculos.
O Ministério do Comércio informou na quarta-feira (19) que 97,6 bilhões de yuans (US$ 13,4 bilhões) em investimento estrangeiro direto foram utilizados no mês passado, uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
O começo fraco do ano veio após uma queda acentuada de 27,1% no investimento estrangeiro direto (IED) anual total no ano passado para 826,3 bilhões de yuans (US$ 113,4 bilhões). Foi o menor número desde 2016.
“O declínio diminuiu em comparação ao ano passado, mas ainda está em tendência de queda”, disse Ling Ji, vice-ministro do Comércio da China, em uma entrevista coletiva na quinta-feira, onde vários departamentos governamentais revelaram um plano de ação de 20 pontos para atrair capital estrangeiro.
Ling atribuiu o lento investimento estrangeiro a uma lenta recuperação econômica global, crescentes tensões geopolíticas e protecionismo.
Mudanças nas estratégias de negócios multinacionais também levaram a um declínio no investimento estrangeiro nas principais indústrias da China, como automotiva, maquinário e vestuário, disse ele.
O setor imobiliário em crise arrastou o crescimento econômico para baixo e pesou sobre os gastos do consumidor.
Ao mesmo tempo, em setores como automóveis e produtos de consumo , marcas estrangeiras enfrentam intensa competição de campeões nacionais cada vez mais populares devido ao avanço tecnológico e ao crescente sentimento patriótico.
A China tem buscado repetidamente atrair investimentos estrangeiros, um importante impulsionador do crescimento econômico. O novo plano de ação abriria ainda mais a economia, melhoraria o suporte regulatório e atrairia investimentos de longo prazo nas empresas listadas publicamente da China, disse Ling.
Pequim prometeu expandir um programa piloto dando propriedade estrangeira total em setores como telecomunicações, assistência médica e educação.
Também prometeu formular novas políticas para encorajar o reinvestimento de empresas estrangeiras dentro do país e suspender restrições ao uso de empréstimos domésticos por empresas estrangeiras.
O êxodo de capital estrangeiro é um indicador do aprofundamento dos problemas econômicos do país.
Os desafios enfrentados pela economia chinesa certamente aumentarão à medida que o crescimento desacelera, deixando Pequim com muito menos contramedidas potenciais em sua caixa de ferramentas contra um segundo mandato de Trump.
Desde que voltou ao cargo, o presidente dos EUA não perdeu tempo em reacender velhas tensões comerciais. No início deste mês, ele promulgou uma tarifa de 10% sobre importações da China, à qual Pequim respondeu com medidas econômicas direcionadas. Observadores dizem que ainda é possível que os dois lados possam elaborar um acordo comercial mais amplo na mesa de negociações.
Uma pesquisa anual da Câmara de Comércio Americana na China publicada no mês passado descobriu que mais da metade das empresas dos EUA esperam uma piora nas relações bilaterais, com um recorde de 30% considerando ou já transferindo operações para fora da China.
Enquanto isso, a diversificação das cadeias de suprimentos além da China, desencadeada pela guerra comercial que começou durante o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, foi acelerada pela pandemia global de Covid-19, que causou interrupções para empresas com bases de fabricação no país.
Além disso, a crescente tensão política na China tornou o investimento no país menos atraente. Uma série de leis de segurança estatal mais rígidas e leis de contraespionagem introduzidas nos últimos anos abalaram empresas estrangeiras, com a detenção de executivos e funcionários estrangeiros levantando preocupações entre a comunidade empresarial.
por John Liu – CNN