Superpopulação de javalis e javaporcos está afetando biodiversidade de unidades de conservação. Governo publicou edital para conter problema
Para conter a proliferação de javalis e javaporcos em unidades de conservação no estado, o governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), publicou nessa segunda-feira (16/12) um edital no valor de R$ 1,11 milhão para a contratação de serviços voltados ao controle dessas espécies.
O valor será destinado à empresa que apresentar o melhor plano de contenção. A escolha será realizada no próximo dia 23 de dezembro. Ao todo, o edital prevê o abate de aproximadamente 380 animais nos próximos meses.
A iniciativa, conduzida pela Fundação Florestal, vinculada à Semil, abrange cinco unidades de conservação. No Parque Estadual de Ilhabela, onde a situação é a mais crítica, está previsto o abate de 200 animais.
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Outras áreas incluem as Estações Ecológicas de Barreiro Rico, Angatuba e Santa Bárbara, onde serão abatidos 50 animais em cada, além da Estação Ecológica de Itirapina, com previsão de 30 abates.
A empresa vencedora deverá elaborar um plano de ação a ser aprovado pela Fundação Florestal. Esse plano deve incluir o levantamento da presença dos animais nas áreas afetadas, a instalação de armadilhas, a captura e o abate, que deverá ser realizado com técnicas que minimizem o estresse dos animais.
Espécie invasora
A multiplicação de javalis e javaporcos não é um problema exclusivo do estado de São Paulo.
Originários do continente europeu, os javalis são reconhecidos mundialmente por impactar negativamente a biodiversidade de biomas locais. A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) os classifica entre as 100 piores espécies exóticas invasoras do planeta.
No Brasil, a ausência de predadores naturais permite que essas espécies se multipliquem descontroladamente, causando danos à vegetação ao revirarem o solo em busca de alimento.
Para mitigar os riscos à biodiversidade nacional, o Ibama implementou, em 2017, o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali no Brasil, que autoriza o abate, sem sofrimento animal, como método de manejo populacional.
O cruzamento entre javalis e porcos domésticos resultou no javaporco, outra ameaça aos ecossistemas locais. Juntas, as duas espécies causam uma série de impactos, incluindo a destruição de plantações, transmissão de doenças como febre aftosa, leptospirose e peste suína clássica, exposição e degradação do solo, alterações na composição da vegetação e predação ou competição com espécies nativas.
Por Valentina Moreira – Brasil 247