Delegação africana apresentou proposta de resolução da crise ucraniana, composta por dez pontos, abrangendo garantias de segurança e o início das negociações o mais rápido possível
A iniciativa dos países africanos para resolver a crise ucraniana é um golpe para o Ocidente, que mostra que os países não ocidentais estão se tornando participantes importantes da política mundial, afirmou o analista político russo Andrei Suzdaltsev à Sputnik.
Uma delegação de líderes africanos chegou a São Petersburgo, vinda de Kiev, para uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin na sexta-feira (16).
A delegação era constituída pelo presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, o presidente senegalês Macky Sall, o presidente de Comores e atual presidente da União Africana, Azali Assoumani, e o presidente zambiano Hakainde Hichilema.
Eles apresentaram uma iniciativa africana de resolução da crise ucraniana, composta por dez pontos, abrangendo as garantias de segurança, a liberdade de transporte de cereais através do mar Negro, a libertação de prisioneiros de guerra e o início das negociações o mais rápido possível.
“É um enorme sucesso. […] Acontece que todos os processos em que continentes inteiros entram na arena mundial, o que era inimaginável há um ano e meio, dizem que o mundo está mudando rapidamente, e não há o controle sobre as relações internacionais que Washington sempre tenta manter”, disse a esse respeito Suzdaltsev.
É que o confronto com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia levou a que tanto a China, como agora representantes de todo o continente africano tenham apresentado suas iniciativas, indicou o especialista.
“O próprio formato do diálogo em pé de igualdade sobre um problema global com a participação da África é um duro golpe para o Ocidente, porque os países não ocidentais estão se tornando um participante importante no processo internacional.”
Falando sobre o futuro da iniciativa de paz africana, Suzdaltsev disse que, mais cedo ou mais tarde, ela se transformará em algo mais global, não sendo apenas negociações entre Kiev e Moscou ou mesmo entre Moscou e Washington.
“Provavelmente, será um congresso internacional, onde China, Índia, África e América Latina vão estar representadas. Será um evento global que vai abrir um novo sistema de relações internacionais”, acredita o analista político.
Segundo ele, o diálogo entre Kiev e Moscou depende do sucesso da Rússia no campo de batalha, já que o Ocidente atualmente defende o diálogo apenas nos termos da Ucrânia.
Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin declarou que a contraofensiva das Forças Armadas da Ucrânia, há muito prometida, teria começado. Segundo ele, isso foi evidenciado pelo uso de reservas estratégicas por Kiev.
Mas, como o presidente enfatizou, graças à coragem dos soldados russos e à organização correta das tropas, os militares ucranianos não alcançaram seus objetivos em nenhum dos setores da linha de contato.
Por Sputnik Brasil –