Jair Bolsonaro recebeu apenas 728 mil menções nas redes sociais no dia de sua condenação, aproximadamente metade do que havia alcançado poucos dias após deixar a Presidência
A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) não despertou a mesma energia na militância digital bolsonarista como visto em situações similares de “tudo ou nada” no passado recente. Nas mensagens compartilhadas ao longo da última semana, houve pouca discussão sobre o sucessor do bolsonarismo para 2026, presença de teorias da conspiração e um sentimento de “desnorteamento” até a condenação. segundo a coluna Sonar, do jornal O Globo, “o ex-presidente recebeu 728 mil menções nas redes sociais no dia de sua condenação, aproximadamente metade do que havia alcançado há seis meses, poucos dias após deixar a Presidência”.
Os dados, de acordo com a reportagem, foram obtidos a partir de estudos realizados pela agência de análise de dados Bites, com base em publicações nas plataformas Instagram, TikTok, Twitter e blogs, e por pesquisadores das universidades federais da Bahia e de Santa Catarina, focando em grupos e canais do Telegram.
A mobilização digital do bolsonarismo permaneceu fraca ao longo da semana e foi ofuscada pelos setores de centro e esquerda. As investigações contra o ex-presidente – tanto o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto a CPM dos atos golpistas do dia 8 de janeiro – explicam em parte esse enfraquecimento, segundo o diretor-adjunto da Bites, André Eler.
Além disso, o palanque perdido com o fim do mandato, quando Bolsonaro tinha acesso à máquina de comunicação do governo federal, viajava pelo país e fazia transmissões ao vivo semanais, também contribuiu para um menor engajamento. “Alguns influenciadores perderam suas contas nas redes devido a decisões judiciais, mas também há uma menor disposição em defender Bolsonaro pela falta de perspectiva de poder”, disse Eler.
Ainda segundo a reportagem, na quarta-feira, quando o relator do caso no TSE, ministro Benedito Gonçalves, votou pela condenação do ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, o volume de menções chegou a 388 mil.
No dia 8 de janeiro, quando ocorreu a invasão dos prédios do Poder em Brasília por seus apoiadores, Bolsonaro alcançou o pico de 1,3 milhão de menções. Na semana em que o ex-presidente foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, em maio, ele também ultrapassou a marca de 1 milhão de menções. Seu retorno ao Brasil, em março, após um autoexílio nos Estados Unidos, gerou cerca de 700 mil menções.
No Telegram, uma análise feita pelos pesquisadores Leonardo Nascimento e Paulo Fonseca, da UFBA, e Letícia Cesarino, da UFSC, com base nos 78 maiores grupos de apoiadores de Bolsonaro no aplicativo de mensagens, chegou a conclusão oque julgamento do TSE foi visto pelos bolsonaristas como parte de uma conspiração para manter a esquerda no poder, não havendo motivos para discutir o sucessor do ex-mandatário em 2026.
“Os pesquisadores não encontraram associações com os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), considerados sucessores do bolsonarismo para 2026, nem com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou o senador Sergio Moro (Podemos-PR). No entanto, houve 81 menções à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, indicando a possibilidade de uma sucessão política diante da inelegibilidade”, destaca um trecho da reportagem.
Por 247