Haverá uma Missa Solene em homenagem a São Sebastião, com coral e orquestra, na véspera do dia do santo, que é um dos mártires da Igreja. O evento ocorre ao meio-dia
A véspera do Dia de São Sebastião, santo militar e padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, não poderia passar em branco na rua do Ouvidor. Bem se sabe que os poucos feriados que não foram comemorados tiveram, coincidência ou não, funestas consequências para a cidade, então a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores resolveu realizar já na véspera, uma solene celebração. A Igrejinha dos Mercadores, erguida na rua do Ouvidor em 1743 – colada na ruazinha do Arco do Teles – para homenagear a Santa Padroeira dos comerciantes cariocas, preparou uma grande festa para o guerreiro Sebastião.
A Irmandade preparou uma bonita cerimônia para o dia do padroeiro: com a presença do já tradicional Coral Astorga, que se apresenta todos os finais de semana acompanhando as celebrações eucarísticas da associação de fiéis que construiu e é guardiã do bonito templo, que é um dos raros no Rio de Janeiro construído no formato elíptico, em estilo barroco e com pitadas de rococó. O Coral entoará o histórico Hino a São Sebastião, uma linda marcha. A capelinha é um colírio para os olhos e costuma estar lindamente decorada com cortinas de renda, panos bordados e muitos objetos do século XVIII. Recentemente, foi instalada no seu Átrio, ao lado da antológica imagem que foi atingida pela bala de canhão em 1893, uma exposição museológica com painéis que contam a história da Irmandade, alguns objetos sacros e uma explicação sobre as origens da veneração à Senhora da Lapa.
A Igreja realizará a celebração eucarística solene em língua latina e com Coral e Orquestra, conforme tem feito todos os finais de semana desde sua reabertura, completamente restaurada, em junho passado, uma celebração que contou com a presença do prefeito Eduardo Paes e do Cardeal Dom Orani Tempesta. A cerimônia em honra a São Sebastião será ao meio-dia deste Domingo (19-01), e vai contar com a imagem do Santo que está na Igreja desde o século XIX, com seu resplendor em pedrarias. Será comandada pelo Padre Victor Hugo Nascimento, um dos diretores espirituais do templo, conhecido por suas homilias eloqüentes e pelo afinado vozeirão.
A igrejinha tem 147 lugares e suas celebrações tem ficado sempre lotadas nos finais de semana, quando, sempre ao meio-dia, ocorrem as Santas Missas em língua latina. Normalmente, as missas contam com incenso e utilizam-se objetos sacros de época, muito apreciados por quem é apaixonado por história. A igreja disponibiliza aqui um missal eletrônico, em latim-português, para os fiéis acompanharem as celebrações. Seu interior tem sido fotografado e visitado por influencers de todo o mundo, e sua página no Instagram @igrejalapadosmercadores já tem mais de 48 mil seguidores, perdendo no Rio apenas para o Santuário do Cristo Redentor em número de católicos que acompanham seus vídeos e postagens sobre a história da Igreja. Os restaurantes no entorno da Igreja estarão abertos, para uma refeição pós-missa, com destaque para o Bar da Dora, conhecido por sua deliciosa feijoada e pelo apetitoso churrasco misto. Nas imediações também estarão abertos o Cais do Oriente – seu bolinho de camarão com catupiry é um destaque – e o Sobrado da Cidade, famoso por seu Café Histórico.
A igreja, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi reaberta graças ao empenho do empresário do ramo imobiliário Cláudio André Castro, que foi nomeado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, provedor da Irmandade com a missão de trazer vida à igreja, que surgiu de um histórico oratório dedicado à Nossa Senhora da Lapa, diante do qual os comerciantes locais se reuniam para rezar. Ela ficou fechada, e interditada, por 4 anos. A retomada das celebrações solenes, segundo Castro “é uma tradição que a igreja sempre teve e parou com a pandemia”. A celebração na véspera, do dia do padroeiro dos cariocas, pode ser feita ‘a tarde, a partir do meio-dia, conforme as normas do direito canônico.
A administração da igreja guarda uma bala de canhão, que atingiu a sua torre, em 1893, durante a Revolta da Armada. Com o choque, a imagem de Nossa Senhora da Fé caiu de uma altura de 25, tendo quebrado apenas dois dedos da mão, o que foi considerado um milagre, na época. Atualmente, as imagens de Nossa Senhora da Fé e a que recebia orações dos mercadores, antes mesmo da construção da igreja, estão preservadas e guardadas no interior do templo. Outra relíquia pertencente à igreja é um medalhão com a coroação da Virgem Maria, todo trabalhado em mármore e localizado na parte superior da fachada da edificação. A obra foi encontrada, no século XIX, durante escavações no terreno da igreja:havia sido escondido de uma das invasões dos franceses.
De segunda à sexta-feira, das 9h às 18h, são realizadas visitações turísticas da nave e altares laterais do templo. Não há serviço nem visitação nos feriados, e a igrejinha não abrirá no dia 20. Os interessados em conhecer a sacristia e o átrio de Nossa Senhora da Fé, podem comparecer à igreja nos dias úteis, das 9h às 14h, aos sábados de 9h às 17h, e aos domingos das 9h às 16h. Não há visitação nos horários das missas, que ocorrem sempre ao meio-dia.
A Trezena de São Sebastião levada à frente este ano pela Arquidiocese do Rio, no esteio do ano Jubilar ´Peregrinos da Esperança’ foi um grande sucesso, e culmina com a procissão que ocorrerá no feriado. Dom Orani esteve presente em inúmeras paróquias acompanhando a imagem peregrina do militar que tornou-se mártir por não aceitar renegar sua fé.
Igreja dos Mercadores
Rua do Ouvidor, 35
@igrejalapadosmercadores