IDOSA ENVIA R$ 200 MIL PARA FALSO SCHWARZENEGGER E ENTRA NA JUSTIÇA DE SP PARA REAVER O DINHEIRO

Vítima chegou a vender a casa própria, carro e a fazer empréstimos bancários por acreditar que estaria ajudando o ator verdadeiro; polícia diz que investiga o caso

Uma idosa aposentada de 74 anos de Caraguatatuba, litoral de São Paulo, entrou na Justiça com uma ação de reparação de danos materiais e morais contra 12 pessoas que teriam, segundo ela, praticado um golpe de estelionato ao se passarem pelo ator e ex-governador da Califórnia, nos Estados Unidos, Arnold Schwarzenegger. A Polícia Civil do Estado investiga o caso.

Conforme a defesa da vítima relatou à reportagem, o perfil falso do Schwarzenegger teria entrado em contato com ela por meio de uma rede social demonstrando, primeiramente, interesse em uma amizade. Quando os golpistas perceberam que a idosa acreditava estar falando, de fato, com o ator, os pedidos de ajuda financeira começaram ser feitos.

“Quando os golpistas a abordaram, ela ficou lisonjeada e acreditou que fosse ele”, disse Ariele Maria dos Santos, advogada que representa a aposentada na esfera civil — o caso também corre na esfera criminal.

A defensora conta que a vítima era fã de Schwarzenegger e teria assistido a todos os filmes do ator. As conversas, segundo ela, teriam se iniciado em 2020 e as transferências bancárias se arrastaram por dois anos, até 2022.

O falso Schwarzenegger alegava que estava passando por uma fase de separação da esposa e que não podia ter acesso ao seu dinheiro, razão pela qual pediu ajuda à aposentada, com a falsa promessa de que os valores seriam ressarcidos com juros e em dólares.

Comovida com a história do suposto ator, e acreditando no retorno de um valor acima do emprestado, a vítima chegou a vender a casa, o carro e fez alguns empréstimos bancários, que totalizaram uma perda de cerca de R$238 mil, segundo a Justiça — a polícia informa que o valor seria de R$ 258 mil.

O falso Schwarzenegger afirmava ainda que pagaria pelos empréstimos porque trabalhava em uma empresa de transporte de valores, e que o faria como forma de recompensar toda a ajuda que a idosa estava dando.

De acordo com Ariele, tanto parentes, como o próprio gerente do banco, tentaram alertar a vítima sobre a possibilidade do golpe, mas a expectativa de receber valores acima do emprestado mantinha a idosa acreditando na história.

Ela começou a desconfiar que se tratava de um golpe quando os suspeitos passaram a inventar desculpas para devolver o dinheiro, chegando a cobrar novos valores para o pagamento de taxas necessárias para o ressarcimento e até fazendo ameaças contra a vítima e a sua família, segundo a advogada.

“A ficha dela caiu mesmo quando ela foi à delegacia para prestar depoimento”, disse a advogada. Atualmente, a idosa vive da aposentadoria, junto com o marido, e em uma casa de aluguel.

Caso segue nas esferas cível e criminal

Com o caso correndo na Justiça, a vítima pede que os suspeitos paguem pelo ressarcimento em dobro do dinheiro perdido, e também uma multa no valor de R$ 30 mil por danos morais.

Ao todo, são 12 réus no processo cível. Segundo Ariele, uma pessoa chegou a fazer a um acordo com a vítima para a devolução de R$ 15 mil. Outro réu apresentou a defesa, enquanto os outros 10 ainda não se manifestaram nos autos, de acordo com a defensora.

“Estamos aguardando uma manifestação do juiz para saber quais serão os próximos passos, se devemos apresentar mais provas antes de uma sentença final”, disse Ariele. “O processo está em fase de citação. Como tem muitos envolvidos, caminha devagar. Ainda tem outros envolvidos que podem apresentar a defesa”.

O caso que segue na esfera criminal está em segredo de Justiça. Por esse motivo, segundo a advogada da aposentada, não é possível saber se os réus no processo cível são os principais suspeitos de praticar o golpe nem qual a relação deles com a vítima.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o caso é investigado por meio de inquérito instaurado pela Delegacia de Caraguatatuba. “Diligências são realizadas visando à identificação dos autores e esclarecimento dos fatos”, informou a secretaria em nota

Por Caio Possati.

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