Deputado não integrará bancada negra na Câmara e diz não ver necessidade de políticas para descendentes de escravizados
O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ) afirmou rejeitar o incentivo a políticas públicas voltadas para reparação histórica dos descendentes de negros escravizados no país. Para ele, a atuação do movimento “não é pela causa, é pelo voto”.
“O que aconteceu não tem como mudar. Mas essa reparação [histórica]… Eu acho que é falha”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo divulgada neste domingo (19.nov.2023).
O deputado é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que conheceu ao servirem juntos no Exército. Foi eleito pela 1ª vez em 2018, na mesma campanha presidencial vitoriosa de Bolsonaro. Naquele ano, Hélio Lopes foi o mais votado com mais de 345 mil votos nas urnas. Antes, em 2016, disputou vaga de vereados e recebeu apenas 480 votos.
“Quando eu fui o mais votado do Rio de Janeiro, alguém do movimento negro fez uma nota? ‘Parabéns, futuro deputado Hélio, você representa a nossa cor’. Não fizeram. Mas passou um pouco de tempo e tinha um grupo aqui falando que eu tinha que representar o movimento negro”, declarou Hélio.
Reeleito em 2022, o deputado decidiu não integrar a bancada negra recém-criada na Câmara. O congressista afirma ser crítico da atuação do movimento negro, mas defende que ele exista.
“Sou contra a construção do movimento negro, mas que exista o movimento negro e que ele esteja feliz defendendo as pautas deles. Não quero que eles defendam a minha pauta. Eu sou contra, mas respeito que todo mundo se reúna e que lute pelos objetivos. Mas não tem que estar implantado aqui em mim que eu tenho que pensar igual a eles.”
Na 2ª feira (20.nov), o movimento celebra o Dia da Consciência Negra. A data é uma homenagem ao líder quilombola Zumbi dos Palmares.
Alvo de críticas da esquerda pela relação com Bolsonaro, Hélio Lopes afirma ter sofrido ataques com cunho racial. “Eu quero ver a bancada negra se manifestar quando eu pegar os meus processos e mandar para eles. Se eu fosse negro de esquerda tinha um monte de gente presa. A luta do movimento negro não é pela cor, não é pela causa, é pelo voto”, disse.
Nas urnas e nas redes sociais, o deputado já usou os nomes Hélio Bolsonaro e Hélio Negão. Ele negou se sentir usado pela campanha de Bolsonaro para minimizar as acusações de racismo de que o ex-presidente é alvo. “Bolsonaro é um irmão que a vida me deu”, declarou.
Por Poder360