Em giro pelo Oriente Médio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta segunda-feira (17/2), que o atual patamar da inflação do Brasil está “relativamente” dentro da normalidade, após a implementação do Plano Real, em 1994.
“O Brasil tem feito um trabalho, tentando encontrar um caminho de equilíbrio e sustentabilidade, mesmo em fase de um ajuste importante. O Brasil deixou uma inflação de dois dígitos há três anos. Hoje, temos uma inflação em torno de 4% a 5%, que é uma inflação relativamente normal para o Brasil desde o Plano Real, há 26 anos”, disse o ministro.
A declaração foi dada durante o painel “Um caminho para a resiliência dos Mercados Emergentes” na Conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Al-Ula, cidade na Arábia Saudita.
Entenda a situação da inflação no país
- Nos últimos 12 meses (de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025), o Brasil tem inflação acumulada de 4,56%.
- Segundo previsões, a inflação deverá estourar o teto da meta pelo segundo ano consecutivo.
- Preços dos alimentos, que têm pressionado a inflação oficial do país, devem recuar neste ano, segundo projeções do governo federal. Ainda assim, os alimentos terão um peso importante no índice.
- A inflação de alimentos passou de -0,5% em 2023 para 8,2% em 2024. Houve forte aceleração nos preços de carnes, café, leite e derivados.
- O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o termômetro oficial da inflação.
- O índice mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
Haddad: dólar influenciou “repique inflacionário”
O titular da Fazenda avaliou que a valorização da taxa de câmbio (o dólar) ao redor do mundo pressionou a inflação brasileira no segundo semestre de 2024. No ano passado, a inflação fechou em 4,83% e descumpriu a meta inflacionária.
“Por volta de 12 a 30 anos, a inflação se manteve abaixo dos 5%, o que acontece neste momento. Com o fortalecimento do dólar pelo mundo acabou fazendo com o que nós tivéssemos um repique inflacionário no segundo semestre do ano passado; por isso, o Banco Central teve de intervir [por meio do aumento dos juros] para garantir que a inflação fosse controlada”, explicou Haddad.
Mesmo com este cenário, ainda na análise do ministro, a valorização do real frente à moeda norte-americana pode ajudar no processo de controle dos preços de bens e serviços do país. Para ele, o aumento da taxa de juros deve durar no “curto prazo”.
“O aumento das taxas será no curto prazo. O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, avaliou o ministro da Fazenda.
No momento, o Brasil tem taxa Selic de 13,25% ao ano — a primeira elevação dos juros neste ano e a quarta seguida no ciclo de aperto monetário (ou seja, o aumento dos juros), que começou em setembro do ano passado.
Há ainda a expectativa de nova alta de pelo menos 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom, realizada em 18 e 19 de março. Caso aconteça, a taxa de juros chegará a 14,25% ao ano já no início de 2025.
por Mariana Andrade – Metrópoles