O ator e escritor Gregório Duvivier retorna aos palcos com “O Céu da Língua”, um monólogo que mistura humor e literatura para celebrar a riqueza da língua portuguesa. O espetáculo faz uma curta temporada no Teatro Riachuelo Rio, de 20 a 23 de março, levando o público a uma viagem poética e irreverente pelas palavras, metáforas e sons da nossa língua.
Descrita pela crítica como “uma ode à língua portuguesa e ao poder da palavra”, a peça ganhou destaque em Portugal durante as comemorações dos 500 anos de Luís de Camões. O jornalista Miguel Esteves Cardoso, do jornal O Público, destacou a versatilidade de Duvivier como artista, enquanto Suzana Verde, do jornal O Observador, classificou o espetáculo como uma “comédia da boa, apesar de, por vezes, ser difícil rir, estando tão assoberbados com tudo o que acontece em palco”.
A língua como palco e personagem
No espetáculo, Duvivier brinca com as palavras e seus significados, explorando expressões do cotidiano, reformas ortográficas e a influência da poesia na cultura popular. “A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota. Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, para isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”, explica o ator, que tem formação em Letras e três livros publicados sobre o tema.
A peça tem direção de Luciana Paes, que já trabalhou com Gregório no espetáculo de improvisação “Portátil”, do grupo Porta dos Fundos. No palco, sem cenário, Pedro Aune cria a ambientação musical com seu contrabaixo, enquanto a designer Theodora Duvivier, irmã do ator, manipula as projeções que acompanham a encenação.
“O Gregório comediante está no palco ao lado do Gregório intelectual, e a plateia embarca na proposta. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado”, afirma Luciana, que faz sua estreia como diretora teatral.
A poesia no dia a dia
Entre reflexões bem-humoradas sobre a língua, Duvivier destaca palavras que voltaram ao vocabulário popular, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, além de termos que geram sensações estranhas, como afta, íngua e seborreia. Ele também critica modismos corporativos, como “atravessamento”, “disruptivo” e “briefing”.
A peça ressalta ainda a importância dos letristas da música popular brasileira na disseminação da poesia, citando nomes como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, e mostrando como a MPB conseguiu levar versos elaborados ao grande público.
O Teatro Riachuelo Rio fica localizado na Rua do Passeio, 40 – Centro, Rio de Janeiro.