Lucro bilionário da estatal após concessão de serviços reacende debate sobre privatização.
Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) poderá ter seu capital aberto em breve. O governo estadual publicou no Diário Oficial, no dia 6 de dezembro, um aviso de licitação para contratar uma instituição financeira que auxiliará na estruturação e execução do processo. Com informações de Berenice Seara/Tempo Real.
A Cedae, que em 2021 passou por um processo de concessão de serviços de distribuição de água e tratamento de esgoto, manteve sob sua responsabilidade a captação e tratamento da água. Segundo o governador Cláudio Castro, a estatal teve lucro de R$ 1 bilhão em 2024.
“A ideia está viva, vivíssima (de abrir o capital da empresa). A Cedae está dando um lucro igual ao que dava antes da concessão… Coisa de um bilhão”, afirmou Castro em entrevista.
A proposta, no entanto, já enfrenta resistência. Wagner Victer, engenheiro e ex-presidente da Cedae, critica a iniciativa: “” Acho essa proposta um absurdo completo e que aliás além de ser mais um movimento que irá aumentar ainda mais a tarifa para o consumidor e o comércio e a indústria fluminense pois fere todo o discurso e conceito de modelagem feito pelo próprio Estado e o BNDES para justificar no passado recente a venda fatiada regionalmente das atividades de distribuição para empresas privadas. Esse movimento nitidamente tem o objetivo de gerar caixa no curto prazo prejudicando em curto prazo a população até porque a CEDAE atualmente é uma empresa não dependente do tesouro estadual, lucrativa e ainda paga dividendos. Esses movimentos cada vez mais tiram competitividade da nossa economia e aumentam nossos custos locais até porque quem comprará tende a ser uma das empresas que já distribuem a água forçando uma união de todas e uma verticalização desmedida. Particularmente custo a crer que esse processo que está sendo especulado venha prosperar por total falta de lógica em relação as melhores práticas e basta revisitar os estudos e modelagens feitas pelo próprio BNDES feitas no passado para o Estado para constatar a formação de um novo ” Frankstein” para uma atividade que impactará a todos “, declarou. Victer argumenta que a abertura de capital pode resultar no aumento das tarifas e na formação de um monopólio no setor.
No dia 17 de dezembro, o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente (Sintsama-RJ) realizou um protesto em frente à Assembleia Legislativa contra a abertura de capital da Cedae e pediu a criação de uma CPI para investigar a privatização da companhia.
A venda de ações da Cedae reacende o debate sobre a privatização de empresas estatais e seus impactos na economia e no acesso aos serviços públicos. O governo argumenta que a abertura de capital trará investimentos e modernização para a companhia, enquanto críticos temem o aumento das tarifas e a perda de controle estatal sobre um serviço essencial.