Espetáculo que homenageia a bailarina Isaura de Assis estreia em maio, no Rio de Janeiro
Isaura é um espetáculo de dança que faz homenagem e conta a história da bailarina, professora e coreógrafa Isaura de Assis, uma das grandes referências das Danças Negras no Rio de Janeiro, idealizada pela também bailarina e coreógrafa, Aline Valentim. o projeto é uma produção da ELabore.kom, dirigido por Cátia Costa e tem como objetivo principal reverenciar a trajetória da artista que pertence a uma geração que marcou história, auxiliando na constituição e fundação do campo estético, político e artístico das danças negras cariocas.
Pensando no enfrentamento ao apagamento de histórias de mulheres negras, o espetáculo de dança Isaura, realiza temporada no Rio de Janeiro, no mês de maio, e conta com a preparação corporal de Mestre Manoel Dionísio, direção artística de Cátia Costa e musicistas convidados. Isaura leva ao público a história e o legado deixado pela bailarina, que é uma das pioneiras da dança negra na capital fluminense, além de reforçar a luta contra o apagamento de seu legado.
A ideia surgiu há alguns anos, depois de um encontro de uma ex-aluna de Dona Isaura e Aline e surgiu o desejo de levar a cena esta história de forma mais profunda e substancial. Segundo Aline, o espetáculo é um desejo de contar a história dessa linhagem, que engloba não só Isaura de Assis, mas também Dona Mercedes Batista, Mestre Dionísio e tantos outros que fizeram e fazem história nas artes e na dança e ela lembra ainda que a visibilidade dessas pessoas tem voltado aos poucos.
“Quero somar nessa visibilidade, me colocar em cena como artista de uma outra geração, mas que está olhando para trás, igual a um pássaro Sankofa, para saber de onde vem e da importância de cada um de nós para reencontrar essa história e seguir fazendo nossa arte”, afirma.
Mestre Dionísio, ex-aluno de Dona Isaura e Dona Mercedes Batista, enfatizou que a performance remeteu a outros tempos e conseguiu trazer os traços de Dona Mercedes Baptista para o espetáculo Isaura. “Quando vi essa menina em cena, estava vendo Dona Mercedes Batista. Quando eu falei com ela, nós nos emocionamos, eu senti: ‘isso aí é Dona Mercedes’. Quis Deus que essa mesma pessoa me fizesse um convite para participar de um espetáculo para falar de uma outra pessoa que tenho um carinho imenso, maravilhoso, que é a Isaura de Assis”, comenta.
“Como discípulo de Dona Mercedes, tudo que consegui na minha vida até hoje, foi dançando. Se eu tivesse seguido a carreira militar, eu não sei se seria tão feliz como sou fazendo parte da dança”, completa o preparador corporal.
Cátia Costa, diretora artística do espetáculo, agradece o convite feito por Aline Valentim e reforça a importância de levar o legado de Isaura à frente. “É muito importante o Rio de Janeiro pensar essa ancestralidade do samba, da dança afro, da dança contemporânea, através da nossa querida mestra Isaura de Assis, fazendo essa homenagem à essa artista que está no nosso tempo. Tem muitos ‘filhos e filhas’ dela presentes, trabalhando, que de uma certa forma conseguiu fazer um espetáculo que mostre um pouco da biografia dela”, comemora.
Criação e produção
O espetáculo foi na Lei Paulo Gustavo (LPG) de incentivo à cultura e o processo de desenvolvimento do espetáculo possui três eixos que passam pela pesquisa documental, onde a idealizadora conversou com ex-bailarinas de Dona Isaura e que fizeram parte do grupo Olorum Baba Mi, que forneceram materiais de arquivos daquela época.
Após essa primeira etapa, o projeto passa pelo processo de escuta das pessoas que conviveram com Isaura de Assis; e, por último, a pesquisa corporal e estética da dança executada por Dona Isaura, suas linhas, sua expressividade particular e única.
“Vamos trazer à cena uma pesquisa coreográfica que evidencie a linguagem e corporeidade própria de Dona Isaura, que marca o ponto de construção de sua singular enquanto intérprete e performer. Para isso, contamos com a participação ilustre de Mestre Dionísio que dançou com Dona Mercedes, conheceu o trabalho de Dona Isaura e fez a preparação corporal da parte da Porta Bandeira, que Dona Isaura também foi”, explica Aline.
A proponente ressalta ainda que o processo de criação da montagem investiga os marcos importantes da trajetória de Dona Isaura e, por fim, estabelece um atravessamento de gerações com seu próprio corpo, que irá representar cenicamente gestuais e fluxos de movimentos propostos por Dona Isaura. Para além disso, busca estabelecer o cruzamento com sua própria trajetória, formação, corporeidade e linguagem dentro das danças negras atuais.
“O espetáculo dá continuidade à linha de pesquisa que iniciei no solo Vozes de Nós, de 2019. Vozes de Nós tinha como mote histórias de mulheres pretas ancestrais, quilombolas e de outros campos, veio a se tornar uma homenagem à Marielle Franco”, explica Valentim.
“Isaura segue na perspectiva de valorização dos legados femininos, agora num encontro com um referência da própria dança com uma equipe bastante especial, que irá agregar uma riqueza dramatúrgica na construção do espetáculo Isaura”, finaliza Aline Valentim.
Quem foi Isaura de Assis
Formada em Educação Física na década de 50, Isaura se encantou pela Dança Afro, sendo aluna de Dona Mercedes Batista e integrando o elenco de seu Balé Folclórico, participando de turnês internacionais. Isaura de Assis pertence a uma geração que fundou o campo estético e artístico das danças negras. Ela estudou com Dona Mercedes Batista e deu continuidade ao trabalho em dança, criando seu próprio grupo e, mais que isso, uma linguagem e estética cênica própria. Segundo palavras do Mestre Dionísio, era uma dança “Contemporânea” porém enraizada na Dança Afro.
FICHA TÉCNICA:
Idealização e bailarina: Aline Valentim
Direção Artística: Cátia Costa
Preparação Corporal: Mestre Dionísio
Músicos: Ana Paula Cruz e Pablo Carvalho
Figurinista: Suel Biette
Iluminador: Jon Thomaz
Mapping: Tais Almeida
Produção: ELabore.Kom
Direção de Produção: Kirce Lima
Coordenador de Produção: Fábio França
Produtor Executivo: Ruan Peixoto
Assistente Administrativo: Jacqueline da Silva
Designer: Pedro Pessanha
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Gestão de Mídias: Marcela Cavalcanti
Cinegrafista: Carol Diadorim
Fotógrafa: Natália Anjos
SERVIÇOS:
Espetáculo Isaura
Centro Coreográfico do Rio de Janeiro
3 de maio, 19 horas
R. José Higino, 115 – Tijuca, Rio de Janeiro
Teatro Carequinha
R. Oliveira Botelho, s/nº – Neves, São Gonçalo
18 de maio, às 19 horas
Teatro Nova Iguaçu
R. Cel. Bernardino de Melo, 1081 – Caonze, Nova Iguaçu
25 de maio, Horário a confirmar
Classificação indicativa: Livre
Duração: 60 minutos
Lotação: Sujeito à lotação
Gênero: Dança
Ingressos: Gratuito