Evento é organizado pela Escola de Gente – Comunicação em Inclusão
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A Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, organização não governamental (ONG) criada pela jornalista Claudia Werneck há 21 anos, dá início, no próximo dia 19, à estreia pública do ETA Festival de Teatro Acessível, levando ao público esquetes teatrais online, gratuitos e inclusivos em todas as suas etapas.
O ETA Festival vai estrear no Dia Nacional do Teatro Acessível: Arte, Prazer e Direitos, idealizado pela jornalista, aprovado pelo Congresso Nacional, sancionado em 2017 como Lei 13.442.
Os espetáculos podem ser assistidos no canal do Youtube da Escola de Gente.
Claudia Werneck explicou à Agência Brasil que essa é a parte pública do festival, que já vem ocorrendo desde o ano passado, associado à formação e a um processo muito cuidadoso de seleção de esquetes e divulgação.
“Agora, estreia a parte pública, que todo mundo vai ver. Não é um festival comum. É um festival de ‘”INsquetes”, que são esquetes que falam de inclusão. Ele é o primeiro festival plenamente acessível de todo o Brasil”, disse a criadora do evento.
Para ter uma ideia do nível de acessibilidade do ETA Festival, seu edital foi lançado em 14 formatos acessíveis, o que Claudia acredita não ter ocorrido até então no país. “Ele foi feito desta forma para que quaisquer pessoas pudessem se inscrever, inclusive analfabetos, visando a democratização do acesso, como a Lei Rouanet de Incentivo à Cultura estabelece”. Foram recebidas mais de 130 inscrições de todas as regiões do país e uma de Portugal.
Formação
Após uma etapa de seleção, os autores dos 24 “INsquetes” vencedores fizeram curso de formação, inclusão e acessibilidade, conceituação sobre racismo, questões LGBTQIA+, deficiência, desenvolvimento inclusivo, legislação, acessibilidade online, teatro acessível e como fazer esquetes falando de inclusão.
Depois passar pela formação, os 24 selecionados vão apresentar as cenas aprovadas nos dias 19, 20, 21 e 22, que foram aprimoradas durante o workshop. A coordenadora de Projetos da Escola de Gente, Natália Simonete, explicou à Agência Brasil o princípio do teatro acessível. “Todas as cenas vão ter Libras, audiodescrição, legendas descritivas e linguagem simples”. Serão apresentadas seis cenas por dia, durante os quatro dias do evento.
No dia 23, a comissão julgadora, na área de artes e inclusão, vai divulgar os cinco indicados em cada categoria. São oito categorias diferentes de premiação.
Uma das categorias é a do júri popular, em que um dos prêmios será dado à melhor cena votada pelo público. A votação popular será aberta no dia 24 deste mês e se encerrará em 1º de outubro. Ela poderá ser feita de maneira online no aplicativo Vem CA – Plataforma Cultura Acessível, Conhecimento e Conexão Acessíveis. Todos os esquetes vencedores ganharão prêmios em dinheiro, no valor total de R$ 50 mil, além de troféus. Os INsquetes vencedores serão conhecidos no dia 21 de outubro em cerimônia transmitida pelo YouTube da Escola de Gente (www.youtube.com/@EscoladeGenteOficial).
Premiação
A Escola de Gente – Comunicação em Inclusão é referência nacional e internacional em cultura acessível. Seu primeiro espetáculo totalmente acessível foi realizado no Brasil em 2007 e intitulava-se Ninguém mais vai ser bonzinho. A Escola tem mais de 100 reconhecimentos e premiações, entre os quais a Ordem do Mérito Cultural, da Presidência da República, por sua inovação em acessibilidades artísticas.
A Escola de Gente foi nomeada recentemente pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, para integrar a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) no mandato 2023-2025, como representante do tema acessibilidade.
“Eu estou super feliz”, afirmou a criadora da organização. No próximo dia 14, será realizada, no formato virtual, a segunda reunião da comissão. A terceiro encontro deve ser realizado em Natal (RN). A primeira reunião ocorreu em Brasília. Claudia mostrou alegria em participar de um grupo interessado em fazer o melhor para reconstruir a própria CNIC, “que é um símbolo da gestão da Lei Rouanet e que define o que tem e o que não tem mérito”. Para ela, os integrantes da Comissão são pessoas muito interessadas e que vêm debatendo com muito afinco cada tema.
“É a primeira vez que a comissão tem uma cadeira de acessibilidade, o que mostra que há um compromisso efetivo de caminhar nesta direção. Mas há muito a fazer. Não é simples. Tenho percebido que há muita vontade, mas ainda pouco conhecimento por parte dos proponentes sobre a melhor acessibilidade. Me sinto com vontade de fazer o melhor, de ensinar. Temos ganho muitos prêmios pela coragem de fazer um teatro acessível.”
Para a Escola de Gente, acessível é o teatro onde a pessoa com deficiência, alento, competência pode estar onde quiser, seja na plateia, na direção, no palco. “Não é um teatro para pessoas com deficiência, nem um teatro de pessoas com deficiência. É um teatro no qual PCDs [pessoas com deficiência] são livres para participar com tudo que têm direito e com equiparação de oportunidades, o que só se consegue com plena acessibilidade”.
A Escola de Gente visa formar plateia, atores e atrizes para o teatro acessível. Seu lema é: “Sem acessibilidade, a arte não vive”. A ONG saiu na frente, lançando o primeiro espetáculo acessível, em 2007, com o grupo Os Inclusos e os Sisos, para expandir o conceito de democratização de acesso à cultura para pessoas com deficiência.
ONU
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a maioria da população com deficiência vive em regiões mais empobrecidas do planeta, como é o caso do Brasil. Na pandemia do novo coronavírus, as PCDs foram as pessoas mais excluídas do acesso às informações no mundo digital. Para enfrentar essa discriminação, a Escola de Gente criou uma solução tecnológica integrada, por meio da qual realizou o primeiro espetáculo teatral plenamente acessível da internet brasileira, em 19 de setembro de 2020, e que foi considerada uma das “400 Melhores Práticas do Mundo” pela ONU.
Por Alana Gandra – Agência Brasil – Rio de Janeiro