Doença que pode ser confundida com a dengue teve dez casos confirmados no estado durante a última semana
Após a confirmação de dez casos da Febre do Oropouche no Rio de Janeiro nesta semana, muitas dúvidas surgiram entre a população sobre a doença. A divulgação foi feita durante a semana pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), após confirmação do Laboratório Central Noel Nutels (Lacen) e pelo laboratório de referência da Fiocruz. Os dez casos foram registrados entre os dias 9 e 18 de abril nos municípios de Japeri, Valença, Piraí e Rio de Janeiro e seguem para investigação para que se saiba se são autóctones (transmissão local) ou ‘importados’ (quando a transmissão acontece em outro território). A confirmação, no entanto, acendeu um alerta de que é preciso redobrar a atenção aos cuidados com o vírus e a prevenção contra os mosquitos. Em março, foi registrado o primeiro caso da doença no estado, de um paciente que contaminou na Região Norte do país.
A febre de Oropouche é uma zoonose causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília. É transmitida predominantemente pela picada do inseto Culicoides paraensis, presente em áreas de acúmulo de matéria orgânica e beira de mangues e rios. Esse inseto não se reproduz como o Aedes aegypti, mosquito da dengue, o que requer mais atenção da população quanto às medidas para o seu controle. Uma preocupação das autoridades sanitárias é a possibilidade de o culex (pernilongo comum) poder ser um vetor da doença em áreas urbanas, o que não é comum nem tem sido observado na região Norte do país.
A transmissão ocorre quando um mosquito pica uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, uma pessoa saudável, passando a doença para ela.
– A Febre do Oropouche é endêmica?
A doença não é considerada endêmica no estado do Rio de Janeiro. Desde a detecção pela primeira vez no Brasil em 1960, casos isolados e surtos foram relatados, principalmente nos estados da região amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
– Como a Febre do Oropouche é transmitida?
Há dois ciclos de transmissão descritos: silvestre e urbano. No ciclo selvático, os primatas, as preguiças e talvez as aves são os hospedeiros vertebrados, embora nenhum vetor artrópode definitivo tenha sido identificado. No ciclo epidêmico urbano, os seres humanos são os hospedeiros amplificadores e o vírus é transmitido principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis presente na região, assim como o Culex quinquefasciatus, o pernilongo, que também pode ser um vetor.
– Quais são os sintomas??
A doença produz um quadro semelhante ao da dengue. Seu período de incubação é de quatro a oito dias (variação de três a 12 dias). O início é súbito, geralmente com febre, dor de cabeça, artralgia, mialgia, calafrios e, às vezes, náuseas e vômitos persistentes por até cinco a sete dias. Ocasionalmente, pode ocorrer meningite asséptica. Na maioria dos casos, o paciente se recupera em uma semana.
– Como é feito o diagnóstico?
Durante a fase aguda da doença, que geralmente dura de dois a sete dias, é possível detectar o material genético do vírus (RNA) por métodos moleculares (RT-PCR) em amostras de soro, principal forma de diagnóstico utilizada atualmente.
– Qual é o tratamento para Febre do Oropouche?
Não há vacina e tratamento específicos disponíveis. O tratamento é sintomático, assim como na dengue, ou seja, o paciente é tratado de acordo com os sinais e sintomas clínicos.
– Como prevenir a doença?
As medidas de prevenção consistem basicamente em evitar o contato com áreas de ocorrência e minimizar a exposição às picadas dos vetores, seja por meio de recursos de proteção individual (uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas) ou coletiva (limpeza de terrenos e de locais de criação de animais; recolhimento de folhas e frutos que caem no solo; uso de telas de malha fina em portas e janelas).
– Qual a principal recomendação para a população neste momento?
Uso de proteção individual (uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas) ou coletiva (limpeza de terrenos e de locais de criação de animais; recolhimento de folhas e frutos que caem no solo; uso de telas de malha fina em portas e janelas).
– Existe risco de epidemia iminente?
Por se tratar de uma doença com primeira detecção no estado, e que tem sido detectada com maior frequência em surtos mais recentes no país, estudos e análises sobre os casos, os vetores e hospedeiros estão em andamento, o que irá nos apoiar para aprimorar as ações de vigilância, bem como para avaliar o real risco de epidemia pela doença.
– Há algum estudo que indique eficácia da vacina da dengue, ou outro imunobiológico, para a Febre do Oroupuche?
Ainda não há comprovação científica.