Trabalho diz que isso pode significar perda na qualidade da formação
A Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgaram uma prévia da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2025, destacando dados sobre cursos de especialização. Segundo o estudo, 41,2% dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu (PGLS) em medicina no Brasil são totalmente a distância (EAD), com 11,1% funcionando de forma semipresencial.
Esse dado preocupa as entidades, que veem uma queda na qualidade da formação médica. Foram analisados 2.148 cursos de PGLS oferecidos por 373 instituições. Cursos a distância duram, em média, 9,7 meses, enquanto os presenciais duram 15,4 meses. A maioria dos cursos EAD está concentrada em instituições privadas (90%) e na região Sudeste, especialmente em São Paulo.
A pesquisa aponta que esses cursos podem enganar tanto a população quanto os profissionais, simulando especialidades médicas, apesar de o título de especialista só ser concedido após a Residência Médica (RM) ou pelas sociedades de especialidades credenciadas. Alguns cursos cobram até R$ 30 mil, sem a mesma regulamentação exigida para a RM.
O Dr. Mário Scheffer, coordenador da pesquisa, destaca que a abertura desordenada de escolas médicas está diretamente ligada ao aumento desses cursos, muitas vezes sem relação com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Áreas como estética e emagrecimento são mais populares, enquanto há carência de especialistas em saúde mental.
O presidente da AMB, Dr. Cesar Eduardo Fernandes, critica a formação inadequada oferecida por esses cursos, sugerindo a criação de um exame de proficiência para garantir a segurança dos pacientes. O estudo reforça a necessidade de maior regulamentação para evitar que os cursos de PGLS induzam a população ao erro sobre a qualificação dos profissionais.